A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), subordinada ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou nesta sexta-feira (8) que não descarta a hipótese de que manifestantes tenham usado "produtos artificiais com coloração e aspectos semelhantes ao sangue humano" para fingir ferimentos após o confronto com a polícia na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado).
A pasta disse que teriam sido encontrados materiais do tipo entre pessoas que estavam no plenário, mas nada foi apreendido, e que as circunstâncias do caso continuam a ser apuradas. Os manifestantes, porém, dizem que um batom estava com outros itens de maquiagem na bolsa de uma participante do protesto e tem textura completamente diferente de sangue. Foi divulgado um vídeo que mostra uma mulher ao ser atingida na cabeça.
Houve, de fato, um confronto violento entre a Polícia Militar e manifestantes antes da votação do projeto de privatização da Sabesp, na última quarta-feira (6), que terminou com feridos de ambos os lados. Além das cenas gravadas, o Estadão confirmou que pessoas foram atendidas na área de saúde da Alesp, localizada no 3º andar do prédio. A Casa Legislativa foi procurada para se pronunciar oficialmente sobre os atendimentos, mas ainda não se manifestou.
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A suspeita do uso de sangue falso se baseia num vídeo que circulou entre policiais, deputados e integrantes do governo paulista. Nele, uma pessoa não identificada abre um tubo de batom líquido vermelho que teria sido encontrado no local e passa o material no braço de outra.
Em nota, a UP (Unidade Popular) disse que o batom estava na bolsa de uma militante junto com outros itens de maquiagem e "tem uma textura completamente diferente de sangue". O partido diz que a alegação é "absurda" e reitera que manifestantes foram agredidos e sofreram sangramentos por conta de golpes de cassetete desferidos pelos policiais. Ao menos dois PMs também tiveram cortes na cabeça.
Relembre o caso
A sessão extraordinária que discutiu o projeto de lei de privatização Sabesp foi marcada por um confronto entre manifestantes e a Polícia Militar. O projeto foi aprovado por 62 votos a 1, sem a presença da oposição no plenário.
Imagens da confusão mostram manifestantes forçando um vidro que separa o plenário da plateia e tentando invadir o local. Para contê-los, agentes da PM usaram gás de pimenta. A substância se espalhou por todo o plenário e fez deputados esvaziarem o local às pressas. Manifestantes ficaram feridos, e quatro pessoas foram detidas.
Deputados da oposição se negaram a retomar os debates após o episódio e acusaram o presidente da Alesp, o deputado André do Prado (PL), de cercear a atividade parlamentar com a continuidade da sessão. A base aliada de Tarcísio criticou a oposição e disse que a confusão teria sido uma estratégia para protelar a análise do projeto, aprovado em seguida. A matéria deve ser judicializada.
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A Justiça de São Paulo manteve a prisão de dois manifestantes detidos durante a votação da privatização da Sabesp. As prisões em flagrante foram convertidas em preventivas na audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (7).
Os presos são o estudante da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Luiz Rodrigues de Brito Silva, integrante do Movimento Correnteza Hendryll, e o professor Lucas Borges Carvente, membro do Movimento de Luta de Classes. Já a presidente estadual da organização Unidade Popular, Vivian Mendes da Silva, e o metroviário Ricardo Senese, também membro do Movimento Luta de Classes, tiveram concedida a liberdade provisória.