Sem ônibus em SP ou com atraso, passageiros enfrentam dificuldades para chegar ao trabalho
Motoristas e cobradores de ônibus estão em greve nesta terça (14) por salários. Não houve acordo com sindicato patronal
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7, e Rafael Ferraz, da Record TV
Muitas pessoas enfrentam dificuldades para chegar ao trabalho na manhã desta terça-feira (14) devido à paralisação de motoristas e cobradores de ônibus na cidade de São Paulo. A categoria está em campanha salarial e não entrou em acordo com o sindicato patronal. Vários usuários não têm como chegar ao local de trabalho e também não têm ideia de como voltarão para casa no fim do dia.
"Não sei como chegar no trabalho. Estou no ponto desde mais cedo e não passou nenhum coletivo. Estou pensando em ir para casa e avisar o patrão", disse Rafaela Stefanny, ajudante geral, que estava no ponto desde as 6h30.
A auxiliar de serviços gerais Ivaneide Almeida dos Santos saiu da zona sul e estava desesperada com a falta de ônibus no Terminal Barra Funda, na zona oeste, onde pegaria mais um coletivo até o Limão, na zona norte.
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"Foi terrível porque, primeiro, não passou no horário. Passa 5h15, já passou depois das 5h30. Chegou no metrô Saúde, e ele só parando. Aí chega aqui e não tem ônibus. Tá ruim para ir para o trabalho. Nem ônibus tem, nada, nada, nada", ressaltou.
Ela decidiu esperar mais um pouco pela normalização da circulação. Se isso não ocorrer, vai avisar a empresa sobre a situação. "Se for o único jeito, vou ter que voltar, porque, se tá assim agora, à tarde vai estar pior. Concordo com a greve, mas prejudica nós que dependemos do ônibus", afirmou.
Emília Antunes é servidora pública e trabalha na zona oeste de São Paulo. Ela conseguiu não se atrasar, mas enfrentou lotação. “Onde eu moro, o ônibus que eu pego ficou mais cheio. Precisamos nos espremer no ônibus. Apesar disso, acho que é válido. São profissionais que não pararam nos últimos anos”, defendeu.
O operador de máquina Patrick Costa e Silva saiu de Itaquera, na zona leste, e embarcou no trem até a Barra Funda, na zona oeste. O problema é que não tem ônibus para completar o trajeto até a Freguesia do Ó, na zona norte. Ele foi surpreendido pela greve.
"Não tem ônibus nenhum. Só trem e metrô. Tava lotado 5 da manhã já. Não tá nem passando ônibus, vou esperar mais um pouco e, se não vier, vou ter que ir embora", contou. Ele nem cogita pagar um carro de aplicativo porque o custo seria maior para ir e voltar.
Diana trabalha em produção e começou cedo a jornada em Guaianases, na zona leste. Ela teve de desembolsar mais dinheiro hoje para chegar ao trabalho. "Não tem ônibus para Pirituba, então tô esperando uma amiga para ir de Uber e rachar. Vou ter que gastar com Uber para ir e voltar."
Marina Novais e Jeniffer Nascimento Leite trabalham no bairro do Sumaré, na zona oeste, e também não têm como chegar lá: "Só se a empresa enviar um carro".
O autônomo Carlos Alberto soube da greve, mas resolveu arriscar ir de transporte ao compromisso. "Quando saí, tava circulando ônibus na minha região, em Pedreira. Não quis vir de carro porque eu sabia que vai ter muito trânsito hoje devido à greve, mas acredito que eu consiga algum ônibus para a avenida General Edgar Facó, na Freguesia. Mas tô vendo que tem gente desistindo e não tá circulando essa linha", concluiu.
Apesar dos transtornos, ele defende a paralisação de motoristas e cobradores do transporte urbano: "Tem direito de reivindicar porque, ultimamente, a inflação tá muito alta e não sei como é que está salário de cobrador, motorista, mas eu acho que deveria ter uma porcentagem dos ônibus circulando porque é muita gente que hoje não vai conseguir chegar ao trabalho", afirmou.
De acordo com a Justiça, 80% da frota deveria estar em circulação no horário de pico e 60% nos demais horários. Em caso de descumprimento, a multa diária é de R$ 50 mil.