Sem pacientes com ventilação, Serrana vê queda em nº de testes
Cidade não teve casos graves após fim da vacinação em massa. Dados oficiais do Butantan começam a ser divulgados em maio
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, começa a perceber indícios de melhora na pandemia após o Projeto S, de vacinaçao em massa, embora os dados oficiais do estudo do Instituto Butantan comecem a ser divulgados apenas em maio. Há mais de duas semanas sem casos graves, o município tem realizado menos testes diários de covid-19 e ainda não precisou utilizar qualquer um dos quatro ventiladores mecânicos desenvolvidos pela USP (Universidade de São Paulo) disponíveis, recebidos na semana passada.
A secretária municipal de Saúde, Leila Gusmão, falou ao R7 sobre a queda dos indicadores da pandemia e a percepção dos profissionais da pasta duas semanas depois do fim da vacinação em massa na cidade, que atingiu 97,9% da população acima dos 18 anos.
“O que notamos é que os casos estão diminuindo. E os que aparecem são moderados e leves”, apontou Gusmão.
A secretária destaca que, até o momento, estas informações tratam-se de uma percepção preliminar, que não deve ser interpretada como definitiva para a eficácia da pesquisa, e que os dados oficiais serão divulgados posteriormente pelo Instituto Butantan, responsável pelo estudo, que visa descobrir o papel da imunização em massa com a CoronaVac na redução das taxas de transmissão do vírus.
Segundo ela, porém, já é possível perceber uma redução significativa na procura por testes para detecção do novo coronavírus.
“Para se ter uma ideia, tínhamos 150 ou 180 coletas em pacientes com suspeita de covid-19 por dia, e desde o dia 11 (fim da vacinação) elas caíram muito: nas últimas duas semanas variaram entre 14 e 17, e às vezes 38. E o resultado são em torno de 8 [casos] positivos por dia. A percepção dos profissionais de saúde é muito boa”, afirma.
Leila relembra que, para se ter resultados mais concretos, será preciso aguardar até meados de maio, com a divulgação oficial dos dados.
A respeito das aglomerações registradas logo após o encerramento da vacinação, a secretária lamenta e afirma que o município tem buscado conscientizar a população: “como toda cidade, a população tende a ter resistência com novos hábitos, e temos trabalhado muito para seguir o Plano São Paulo e alertar a população sobre a importância disso”.
Além da atuação do município seguindo os protocolos sanitários de combate à pandemia, a prefeitura de Serrana também colaborou com o Instuto Butantan no Projeto S. “Disponibilizamos oito escolas e toda a infra-estrutura do município, como o apoio dos profissionais, de logística e até um ônibus para o deslocamento dos pacientes nas escolas onde tomariam as doses, para que eles pudessem realizar o estudo”, afirma a responsável pela Saúde local.
Pedro Garibaldi, hematologista e coordenador médico do projeto, confirma o relato e comenta que parte do sucesso na imunização se deve ao fato de que “discurso era o mesmo da prefeitura, da secretaria estadual e do Butantan”.
Outros indicativos iniciais, já apontados pelos coordenadores da pesquisa, foram os números de mortes pelo novo coronavírus desde fevereiro.
A partir do início da vacinação, há pouco mais de dois meses, houve 20 óbitos por covid-19 na cidade. Destes, 14 foram pessoas que não tomaram a vacina. Das seis restantes, cinco tomaram somente a primeira dose. A única pessoa que foi imunizada duas vezes apresentou sintomas dois dias após a última aplicação, o que indica que foi infectada antes da vacinação.
Vacinação acima do esperado
A vacinação em massa atingiu 27 mil dos 45 mil habitantes de Serrana (SP), número que representa 97,9% dos público alvo do estudo.
Na avaliação dos pesquisadores responsáveis, o número foi motivo de comemoração e esteve acima do esperado. Isto porque questionários feitos no município antes do início da imunização indicaram que aproximadamente 85% das pessoas pretendiam se vacinar.
“Tivemos quase 30 mil pessoas vacinas acima dos 18 anos. A cidade recebeu esse projeto com muita esperança”, afirma Leila Gusmão.