"Sentir o coração dela bater de novo foi indescritível", diz jovem que ajudou a salvar criança
Irmãs de 6 e 7 anos foram para UTI depois de choque em gôndola de supermercado
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Quando foi à loja do Carrefour na marginal Pinheiros na noite de 24 de março, a coordenadora de marketing Carolina Lacorte, 27 anos, não imaginou o que aquela data seria marcante na sua vida. Acompanhada do namorado, Carolina entrou no estabelecimento para uma “comprinha rápida”, mas acabou ajudando a salvar a vida de Anny, de 6 anos. A menina e a irmã Amanda, de 7 anos, levaram um choque ao encostar no balcão de refrigeração instalado no setor de peixaria.
As crianças chegaram a ficar grudadas na gôndola e precisaram ser internadas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Anny teve uma parada respiratória, segundo familiares.
— Eu estava fazendo uma comprinha rápida, quando escutei os gritos da Andréa [Paula Gayer, mãe das meninas], pedindo socorro, pelo amor de Deus, um médico. Eu e meu namorado estávamos relativamente próximos do acidente. Quando chegamos mais perto, a Anny já estava desacordada e, acho que foi o padrasto dela que gritou: “Ela não está respirando”. Na hora, por impulso, comecei a fazer a massagem [cardíaca]. Se ela estava com algum batimento, realmente estava muito fraco, porque a gente não conseguia sentir a pulsação dela.
A coordenadora de marketing conta que havia feito um curso de brigadista recentemente na empresa onde trabalha. Na hora, só passou pela cabeça dela que era o momento de colocar em prática o que havia aprendido.
— Sinceramente, nunca imaginei que fosse usar e muito menos que eu fosse ter coragem de usar o que eu aprendi ali. Mas na hora do desespero, você vê que ninguém sabe e que você tem noção de primeiros socorros...
Carolina, que teve o auxílio de uma enfermeira, também cliente do supermercado, diz que não há como descrever a sensação de ter ajudado a salvar a criança.
— Sentir o coração dela bater de novo foi indescritível. Acho que não há uma palavra que defina qual é a sensação. Eu estou extremamente feliz. As meninas moram próximo à minha casa. Nada é por um acaso. Acho que não foi mera coincidência.
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Encontro
A coordenadora de marketing diz que tentou, sem sucesso, conseguir os contatos de Andréa por meio do supermercado. Através de uma pessoa que trabalha com sua mãe, ficou sabendo que a família das crianças havia relatado o caso em um site especializado em receber reclamações de consumidores. Ao acessar a página, encontrou o Facebook de Andréa e a adicionou.
O primeiro encontro entre Carolina, as meninas e os familiares das crianças aconteceu na sexta-feira (5).
— Foi graças às redes sociais. Se não fosse por isso, talvez eu não a encontrasse. Na hora em que cheguei e a Andréa me viu, a gente se abraçou, chorou. De repente, vieram as duas pequenininhas [Amanda e Anny] correndo para me abraçar. Elas me chamaram de tia Carol, como se me conhecessem há muito tempo. Elas me maquiaram, arrumaram meu cabelo.
Questionada se após o episódio cogitava a hipótese de mudar de profissão, ela brinca:
— Como disse meu pai: “Você não quer trabalhar no Samu?” Eu, sinceramente, espero não passar por essa situação de novo. Mas já sei que sou capaz de ajudar. Isso é importante.