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Sírio agredido pela GCM de SP sofreu estelionato, diz advogada

Jadallah Al Ssabah foi agredido por agentes da GCM, na última segunda-feira (16), durante a reintegração de posse de um imóvel da prefeitura 

São Paulo|Fabíola Perez, Ingrid Alfaya e Kaique Dalapola, do R7

Refugiado no Brasil, Jadallah era cozinheiro na Síria
Refugiado no Brasil, Jadallah era cozinheiro na Síria

O refugiado sírio Jadallah Al Ssabah, de 43 anos, alega que foi vítima de um estelionato praticado por uma pessoa que utilizava de forma irregular um imóvel abandonado da Prefeitura de São Paulo. De acordo com a defesa do cozinheiro árabe, o falso dono estava no imóvel há três anos.

Esse é o relato apresentado ao MP-SP (Ministério Público no Estado de São Paulo). O documento feito pela advogada Marina Tambelli apresenta seis problemas que teriam sido enfrentados pelo refugiado, seis questionamentos sobre o procedimento da prefeitura, além de contar sobre a situação de Jadallah no Brasil.

Segundo Marina, o imóvel da rua Galvão Bueno, no bairro da Liberdade (centro de São Paulo), foi durante cerca de três anos um brechó.

Como o refugiado vive pela região, e planejava abrir seu próprio estabelecimento, sondou o responsável pela loja de roupas sobre o movimento no local e teria pedido indicações de lugares para alugar.


Ainda de acordo com a defesa, o proprietário do brechó — que estava ocupando o imóvel da Prefeitura da São Paulo — disse que não estava satisfeito com o retorno das vendas de roupas e, por isso, poderia passar o ponto a Jadallah.

Acreditando que o imóvel pertencia ao dono do brechó, o refugiado aceitou alugar e adiantou R$ 4 mil para o suposto proprietário segurar o ponto e não passar para outra pessoa. Jadallah confiou ainda mais na veracidade do negócio quando o suposto dono do imóvel fez um contrato e reconheceu firma no 26º Tabelião da cidade de São Paulo.


Com o local supostamente garantido, o sírio iniciou uma reforma para funcionar o restaurante. O refugiado teria trocado a fiação, os revestimentos do piso, colocado azulejos e arrumado a parte hidráulica. A reforma, segundo o documento, durou cerca de 30 dias.

Depois da reforma, o suposto dono do imóvel ainda teria pedido um adiantamento de dois meses de aluguéis. Juntamente com outros dois amigos, também refugiados, o sírio teria realizado o depósito para continuar no local e, com o estabelecimento totalmente adaptado, começaram a trabalhar.


No documento, a defesa do refugiado pede auxílio para Ministério Público questionar à Prefeitura de São Paulo sobre os motivos de a fiscalização não ter sido rigorosa no período em que no local funcionava um brechó. A advogada também pontua que nenhum fiscal da prefeitura foi ao local durante o período de reforma, o que poderia, conforme o documento, ter evitado um prejuízo ainda maior.

Os questionamentos e principais pontos abordados pela defesa no documento apresentado ao MP-SP foram encaminhados pela reportagem à assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo, nesta quarta-feira (18). Como resposta, a prefeitura enviou a mesma nota enviada na terça-feira (17), às 18h08, sem responder aos questionamentos.

Veja a nota na íntegra:

“A Prefeitura Regional Sé informa que desocupou uma área pública invadida, localizada na Rua Galvão Bueno, 147, na manhã de ontem (16). A medida foi necessária após constatação de não cumprimento do prazo de 15 dias para desocupação do imóvel. Um agente vistor da Regional esteve no local e intimou o proprietário para a desocupação no dia 26 de junho. Todos os pertences foram lacrados e armazenados no depósito da Regional Sé. Para reaver os pertences, o responsável deve comparecer à Prefeitura Regional Sé, na rua Álvares Penteado, 49 – 2º andar, apresentar os contra lacres e abrir um processo com a solicitação.

Quanto à ação da GCM, a guarda apoiou o trabalho dos agentes da Prefeitura Regional. A Corregedoria está à disposição para registrar eventuais queixas sobre a conduta dos guardas para apurar as circunstâncias em que ocorreu a abordagem.”

GCMs agridem comerciante sírio em São Paulo
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Quem é o sírio?

Mesclando árabe e inglês, falando poucas palavras em português, Jadallah disse à reportagem que está abalado e tem dez irmãos que dependem dele na síria. A advogada do refugiado, Marina Tambelli, responsável por publicar o vídeo dele sendo agredido por GCMs, é quem auxiliou na entrevista.

Jadallah era cozinheiro na síria e, veio para o Brasil há dois anos. Em seu país, deixou dois filhos, uma menina de 14 anos e um menino de 11. Desde quando chegou no País, manda dinheiro para ajudar os familiares, e vai adquirindo bens de cozinha para melhorar seu serviço.

A vida dela em São Paulo está centrada na região da Liberdade. Ele mora em uma ocupação no bairro e estava na expectativa de também começar a trabalhar em seu restaurante na vizinhança.

Depois de ser agredido pelos agentes da GCM paulistana, o refugiado afirma que está abalado e machucado fisicamente. Segundo a advogada, ele está mancando, com uma lesão no joelho, e não consegue falar direito por causa de uma dor na garganta.

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