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SP: abril tem recorde de feminicídios em 2020, diz governo

Segundo estatísticas do estado, divulgadas nesta 2ª feira (25), 21 mulheres foram mortas em razão do gênero no mês e 179 no ano

São Paulo|Cesar, Sacheto, do R7

Em 2020, 179 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado de SP, diz governo
Em 2020, 179 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado de SP, diz governo Em 2020, 179 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado de SP, diz governo

O mês de abril registrou o recorde de feminicídios no estado de São Paulo em 2020, conforme o balanço da criminalidade realizado pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) e divulgado nesta segunda-feira (25). Foram 21 casos somente neste mês e 179 no total computado em todo o ano passado.

As estatísticas da violência contra a mulher — que incluem crimes como: homicídio (doloso e culposo), estupro, lesão corporal dolosa (intencional), constrangimento ilegal, ameaça, estupro de vulnériavel e outros — contabilizam ocorrências registradas nas delegacias de polícia do estado. Os dados completos estão disponíveis no endereço: ssp.sp.gov.br/Estatistica/Pesquisa.aspx

No entanto, uma análise dos dados mês a mês revela algumas discrepâncias nos números, especialmente a partir do segundo trimestre do ano, logo após as mudanças provocadas por medidas de isolamento social para combater a disseminação da covid-19 adotadas pelas autoridades sanitárias.

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Em maio, após o estado viver os 30 dias com o maior número de feminicídios no ano até então, houve nove registros desse tipo de crime — menos da metade do verificado no mês anterior. Já os meses de junho e agosto, ambos com oito casos, apresentaram os menores índices. Porém, julho (13), setembro (17), outubro (14) e novembro (20) foram mais violentos.

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Pandemia e falta de análise aprofundada

Para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getútlio Vargas) Rafael Alcadipani e integrante do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), as oscilações nos dados mensais podem ser explicadas, em parte, pela crise sanitária vivida no país. "As pessoas passaram a ficar mais em casa e [isso] passou a gerar muitos conflitos", avaliou.

No entanto, o professor considera difícil compreender as origens do problema em razão da falta de uma análise mais robusta dos casos por parte da segurança pública paulista que, segundo ele, se limita a divulgar somente os números de B.Os (Boletins de Ocorrência) da Polícia Civil.

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"A SSP não faz análises aprofundadas para entender as causas desses indicadores e a gente fica meio que fazendo 'previsão do tempo'. Qualquer coisa além da pandemia [para explicar as discrepâncias] é puro achismo", afirmou.

Rafael Alcadipani explica que os B.O.s não podem ser os únicos componentes a serem avaliados quando se estuda o feminicídio ou a violência contra as mulheres em geral, pois cerca de 80% da origem desses crimes podem ser resultado de fatores ambientais.

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"Essa divulgacão é uma falsa transparência. Seria de verdade se tivesse na esteira da SSP equipes formadas que conheçam profundamente análise de dados, [além de] inteligência policial que soubesse explicar para a gente o que está afetando. É uma política de segurança pública pouco profissional e baseada no achismo", complementou.

Por outro lado, o professor Rafael Alcadipani vê uma tendência de redução nos casos de feminicídio no estado de São Paulo — em 2019, houve 184 crimes, cinco a menso que no ano seguinte (2020). "Existe uma pressão social muito grande Nunca falamos tanto em feminicídio como no ano passado", finalizou o especialista em segurança pública.

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