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SP: ações de policiais somam 60% das denúncias à Ouvidoria em 2020

Relatório anual do órgão, divulgado nesta segunda-feira (31), mostra ainda subida de mortes violentas — após 2 anos de queda

São Paulo|Cesar Sacheto, do R7

Ouvidoria da Polícia detalha denúncias sobre ações dos agentes no estado de SP
Ouvidoria da Polícia detalha denúncias sobre ações dos agentes no estado de SP Ouvidoria da Polícia detalha denúncias sobre ações dos agentes no estado de SP

O número de denúncias relativas à atuação de policiais no estado representou a maioria (59%) dos reclamações da população recebidas pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo em 2020, conforme revelou o relatório anual do órgão, divulgado nesta segunda-feira (31).

Em razão das medidas de restrição adotadas no estado para combater a pandemia do novo coronavírus, houve um decréscimo de 11,8% na quantidade de denúncias registradas pela Ouvidoria no ano passado, se comparado a 2019 — de 5.854 para 5.163 denúncias.

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Segundo o estudo, elaborado também com base nos dados do Sistema da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, as principais ligações feitas ao órgão pela população englobaram cinco naturezas — que representaram 59,9% do total geral anual de denúncias (ou 3.094 registros): solicitação de policiamento (28%); má qualidade no atendimento (26%); morte em decorrência de intervenção policial (18%); infração/transgressão policial (15%); abuso de autoridade (12%).

A capital paulista e a Grande São Paulo lideraram todos os itens de denúncias mais recebidas pela Ouvidoria da Polícia que também detectou números elevados de registros nas regiões de Santos e Ribeirão Preto.

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Mortes por intervenção policial

O relatório anual de 2020 da Ouvidoria da Polícia de São Paulo mostrou que o estado teve queda de 7,7% das mortes em decorrência da intervenção policial se comparados com os dados de 2019 — foram 780, em 2020, e 845, em 2019. 

Segundo os pesquisadores responsáveis pelo documento, chama a atenção que grande parte dessas mortes se concentrou no primeiro semestre, quando se iniciaram as medidas de restrição à circulação de pessoas

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"Percebe-se que, no caso de São Paulo, as mortes em decorrência da ação policial derivam do confronto e da pronta resposta. A situação de estresse dos policiais também é fator de destaque no momento da ação. De qualquer forma, os números de morte em decorrência da ação policial no Estado ainda são muito altos", aponta o estudo.

Perfil das vítimas por intervenção policial

Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, a maior das pessoas que morreram em decorrência de ção policial no estado é formada por negros e pardos (56,2%), seguido de brancos (33%).

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No total, morreram 397 pessoas negras ou pardas, 237 brancas e outras 71 vítimas em que não constava a cor ou raça no registro — o sistema considera o B.O. (Boletim de Ocorrência) e o laudo necroscópico para considerar a raça/cor e o sexo das vítimas.

Com relação à idade das vítimas, a maior parte das mortes — em 599 denúncias que tiveram 705 vítimas — ocorreu em jovens na faixa etária de 14 a 29 anos (279 casos). Depois, surge a população entre 30 e 56 anos (125 casos); e idosos de 66 a 73 anos (2).

Aumento dos crimes violentos

Após dois anos seguidos de queda, as estatísticas de crimes por causas violentas cresceram no estado de São Paulo em 2020. O aumento foi de 130 mortes (5%) em relação ao período anterior — em 2019, foram registradas 3.209 ocorrências ante 3.339 no ano passado.

O levantamento foi realizado base em estatísticas coletadas pelo NEV-USP (Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo) e FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). O crescimento foi de 5%.

"A reflexão que deve ser feita é que mesmo com as condições de restrição de circulação das pessoas e de suspensão de realização de festas e eventos de grande porte, o aumento na violência letal permite pensar que a pandemia influenciou as relações sociais e ampliou o quadro

pessoal de stress, depressão e ansiedade", frisa o relatório.

O documento foi produzido durante a transição no órgão que, a partir de fevereiro de 2020, passou a ter no comando o advogado criminalista Elizeu Soares Lopes — em substituição ao sociólogo Benedito Mariano.

Mortes de policiais por confrontos e covid-19

Ainda conforme apontou o relatório da Ouvidoria, 18 policiais militares e quatro policiais civis morreram em confronto durante o ano passado no estado de São Paulo. 

A contaminação pela covid-19 foi responsável pela morte de 19 policiais militares, 21 policiais civis e três policiais técnico-científicos, entre março e dezembro de 2020.

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