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SP: só 1 em cada 10 adolescentes aptos a votar tirou título de eleitor

Segundo o TRE-SP, até o fim de fevereiro havia 141.668 eleitores de 16 e 17 anos no estado — 12,7% da população dessa faixa etária

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Até o fim de fevereiro, havia apenas 141.668 eleitores de 16 e 17 anos no estado de São Paulo. O número é de um levantamento do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo) e representa menos de 13% da população paulista nessa faixa etária (1.116.220 pessoas).

Os dados acompanham os baixos índices de jovens que pretendem votar em todo o Brasil, o que motivou recentes campanhas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para incentivar o público a tirar o título de eleitor.

Para Rosemary Segurado, cientista política e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), os dados refletem, na verdade, um desinteresse geral no país pelo exercício do voto:

“Esse baixo comparecimento nas eleições não se dá somente entre jovens. Se formos olhar dados de séries históricas de eleições, ele vem crescendo principalmente nos pleitos da última década”.

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No entanto, Segurado ressalta que o baixo interesse é, de fato, especial entre a população mais jovem. Acerca desse fenômeno em específico, comenta ela, um dos aspectos de maior influência passa pela falta de representatividade.

De acordo com a cientista, há um distanciamento muito grande entre representantes e representados: nas eleições de 2020, por exemplo, 38% dos municípios só tinham candidatos brancos a prefeito e o número de mulheres candidatas a prefeita ou vereadora era 2,5 vezes menor que o de homens. No país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pretos ou pardos formam 56% da população e a maioria também é feminina (51,8%).

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“No caso dos jovens, essa falta de reconhecimento na representação política é bastante marcante”, comenta ela.

A especialista pondera também que as pautas de interesse para a juventude são pouco contempladas. Para ela, questões como a ampliação de postos de trabalho para essa faixa etária, especialmente afetada pelo desemprego, deveriam ser mais debatidas e trabalhadas pela classe política.

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Outro problema, de acordo com Segurado, está relacionado à educação. A evasão escolar, aprofundada durante a pandemia de Covid-19 e o consequente período de ensino remoto, também colabora para o afastamento dos adolescentes do voto.

“São elementos, além de escândalos de corrupção e casos de abuso de poder – esses afetando a população como um todo –, que pioram a descrença na política”, pondera.

Dados de SP acompanham baixos índices do país
Dados de SP acompanham baixos índices do país Dados de SP acompanham baixos índices do país

A professora da PUC acredita que, para devolver esse interesse aos adolescentes e jovens adultos, é necessário que os partidos tenham uma agenda própria que contemple essas populações.

“É uma parcela significativa do eleitorado [entre 16 e 17 anos], cerca de 6 milhões de pessoas. É muito, algo que decide uma eleição. Os partidos precisam estimular candidaturas mais jovens para que eles se vejam representados na política”, conclui.

Altos índices de abstenção em 2018 e 2020

Corroborando o argumento da professora de que o desinteresse pela política tem atravessado distintas gerações, o país registrou altos índices de abstenção nas eleições nacionais de 2018 e novamente nas municipais, em 2020.

No segundo turno do pleito de 2018, o país teve recorde de eleitores que desistiram de votar, 31.331.995 pessoas, superando em mais de 1,2 milhão o número de desistentes no primeiro turno daquele ano.

A taxa de abstenção foi ainda superior na eleição de 2020, de 23% no primeiro turno e 29,5% no segundo. Nesse caso, porém, também foi influenciada pela pandemia do novo coronavírus.

“É um número maior do que nós desejaríamos, mas é preciso ter em conta que nós realizamos eleições em meio a uma pandemia que já consumiu 170 mil vidas e que muitas pessoas, com o compreensível temor de comparecer às urnas, deixaram de votar. Muitas por estarem com a doença, muitas por estarem com sintomas e muitas por estarem com medo”, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, à época presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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