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Subir ou não subir? Após caso Rica Perrone, cariocas e paulistas falam sobre receber entregadores

Os aplicativos dizem que os colaboradores não precisam levar as entregas aos apartamentos, embora alguns clientes exijam

São Paulo|Lucas Ferreira, do R7

Jornalista Rica Perrone se envolveu em polêmica com entregadores de comida
Jornalista Rica Perrone se envolveu em polêmica com entregadores de comida

Biscoito ou bolacha? Flamengo ou Corinthians? Pizza com ou sem ketchup? Esses embates bem-humorados são sempre o centro da conversa entre cariocas e paulistas, que agora ganha mais um assunto para discutir: o entregador deve subir com a comida ou não?

O tema ganhou repercussão após um vídeo do jornalista Rica Perrone ter viralizado. Na gravação, ele afirma que arremessou o pacote com a sua comida em um entregador de aplicativo que se recusava a subir até seu apartamento. Posteriormente, o influenciador tentou se explicar e disse que o ato foi provocado por uma briga com o funcionário, e não pelo local do prédio onde a entrega foi realizada.

Entre críticas e defesas feitas ao jornalista, cariocas e paulistas mostram que os 400 km que separam duas das maiores capitais do Brasil guardam enormes diferenças comportamentais nesse assunto. Enquanto no Rio os entregadores costumam subir com a comida até o apartamento, em São Paulo os clientes descem para buscar a refeição.

Há pouco mais de um ano morando nos Jardins, área nobre da capital paulista, a arquiteta Raquel Tonette conta que sente falta da comodidade das terras fluminenses.


“Ainda não estou 100% acostumada com a logística de descer e pegar a comida. Normalmente estou de pijama em casa, é chato para descer”, conta Raquel ao R7. “No Rio, os entregadores subiam. Já na época da pandemia, os porteiros passaram a colocar as entregas no elevador. Desde então se manteve esse hábito.”

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A gerente de produtos Juliana Puterman se mudou do Rio de Janeiro para São Paulo a trabalho em 2022. Desde então, a carioca já morou em dois endereços na cidade e, atualmente, reside em um prédio no qual o porteiro coloca as entregas no elevador.


“Minha portaria antiga [no Rio] não tinha porteiro nem abertura automática, tinha que andar horrores para chegar à porta. Sentia falta de ter algo mais prático, como o porteiro recebendo e colocando no elevador. Atualmente, onde moro, o porteiro recebe e coloca no elevador para mim sem nem interfornar”, brinca Juliana.

Esse hábito do carioca de não descer até a portaria causa estranhamento nos paulistas. O urbanista Caio Coelho, que se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro em 2016, conta em entrevista ao R7 que não entendia bem essa prática, mas a comodidade fez com que ele não contestasse o costume.

“Agora que voltei para São Paulo, começo a questionar mais essa coisa do Rio que se apresenta como facilidade. Quando você questiona, acaba sendo meio problemático fazer alguém ser obrigado a subir até sua casa”, diz Coelho.

Apesar da opinião do urbanista, existem também os paulistas que gostam dos entregadores cariocas, como Julia Campos. No Rio há oito anos, a jovem afirma que os amigos de São Paulo gostam da comodidade quando vão ao Rio de Janeiro.

“Às vezes meus amigos vêm de São Paulo para cá e falam: ‘Nossa, não precisa descer? Que maravilha!’. É sempre uma vitória aqui no Rio. Quando estou em São Paulo, isso não acontece. Estou desacostumada”, confessa.

Todos os quatros entrevistados foram enfáticos em afirmar que não acreditam que o entregador tenha a obrigação de subir até o apartamento. Tanto cariocas quanto paulistas disseram que poderia ser cobrado a mais para a entrega ser feita na porta de casa, caso o cliente não queira descer até a portaria do condomínio.

Segurança

Os entrevistados das duas capitais afirmam que a questão da segurança é uma preocupação para eles quando o assunto é não moradores do prédio. Apesar de o Rio de Janeiro culturalmente permitir a subida de entregadores, alguns condomínios da cidade pedem aos moradores que desçam e busquem a comida na portaria.

Assim como em São Paulo, vem se tornando comum na Cidade Maravilhosa os prédios com portões duplos de entrada para pedestres e para carros, no acesso à garagem.

Ao redor do Brasil

Em Porto Velho e no Recife, capitais de Rondônia e Pernambuco, respectivamente, entregadores não costumam subir aos apartamentos para realizar as entregas. Já em Brasília, no Distrito Federal, é comum que a comida seja levada até a porta do cliente.

Em nota, o iFood informou que não é obrigação dos entregadores levar os pedidos até a porta do apartamento. Segundo a empresa, os trabalhadores são instruídos a deixar a encomenda no “primeiro ponto de contato que existe na residência da pessoa, seja no portão de uma casa ou portaria de um condomínio”.

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