Tarifa zero começa hoje: saiba como vai funcionar o passe livre de ônibus em São Paulo
Passageiros ainda terão que usar o Bilhete Único para passar na catraca; não haverá integração com metrôs e trens
São Paulo|Sandra Lacerda*, do R7
O programa de tarifa zero em ônibus municipais aos domingos começa hoje em todas as linhas da cidade de São Paulo. Os passageiros ainda terão que usar o Bilhete Único para passar na catraca, mas a taxa não será cobrada.
A decisão foi anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) na segunda-feira (11), com o objetivo de "incentivar o uso do transporte público, ampliar o acesso ao lazer e melhorar a economia e a oferta de empregos".
Como funciona?
De acordo com informações da prefeitura, os passageiros entrarão pela porta da frente e encostarão o Bilhete Único no monitor para ter o acesso à catraca liberada, sem que a tarifa seja cobrada — atualmente, R$ 4,40 no bilhete comum.
Para o usuário que não tiver o Bilhete Único, a catraca será liberada pelo cobrador, com um bilhete de bordo. Se não houver cobrador, o motorista terá um dispositivo para autorizar a passagem.
Saiba como solicitar o Bilhete Único no site da SPTrans.
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Em quais dias os ônibus serão gratuitos?
Os ônibus serão gratuitos todos os domingos, o dia todo — da 0h até as 23h59.
A gratuidade também será aplicada no Natal (25/12), no Ano-Novo (1º/1/24) e no aniversário de São Paulo (25/1/24). Nos demais feriados, de acordo com a prefeitura, não há previsão de passagem livre.
Existe ainda um estudo de aplicar a tarifa zero durante as madrugadas, entre a 0h e às 4h, mas a opção está descartada por enquanto.
Qual será a frota de ônibus aos domingos?
De acordo com o prefeito, vão circular 1.175 linhas, com 4.830 ônibus.
Atualmente, cerca de 2,2 milhões de passageiros utilizam os ônibus aos domingos. Segundo a prefeitura, não há previsão do aumento da demanda de passageiros.
Qual o custo do projeto?
Com a gratuidade do transporte, a cidade vai deixar de arrecadar R$ 280 milhões no ano. Porém, segundo Nunes, não será necessário fazer investimentos extras nem ampliar a frota de ônibus.
Estudos da SPTrans demonstram que, aos domingos, há 60% de capacidade ociosa nos ônibus em alguns períodos, o que permite absorver uma demanda maior.
“Vamos deixar de receber o valor da tarifa que é pago aos domingos, que soma R$ 280 milhões no ano. Mas, quando a gente paga e já tem o subsídio do transporte, em que se tem 60% de ociosidade, tecnicamente estará zerado esse custo, porque a gente vai levar benefícios para a população”, disse o prefeito.
Haverá integração entre metrô e trem?
O prefeito destaca que as linhas de ônibus atendem a toda a cidade e que não haverá necessidade de integração com o sistema metroferroviário.
Sob responsabilidade do governo estadual, metrô e trens não aderiram ao programa e devem cobrar passagem normalmente — também no valor de R$ 4,40 no bilhete comum até 1º de janeiro de 2024, quando haverá reajuste de R$ 0,60.
Tarifa Zero
A medida de tarifa zero é aplicada em mais de 80 cidades do país. No Estado de São Paulo, os municípios de Vargem Grande e São Caetano do Sul aderiram ao programa de gratuidade durante todos os dias da semana.
• Vargem Grande
Não há cobrador nem cartão de transporte nos ônibus de Vargem Grande Paulista. Há quatro anos, o município da Grande São Paulo adotou a tarifa zero no transporte coletivo em meio a conflitos com a empresa que prestava o serviço.
A operação ocorre por meio de um fundo municipal, no qual cerca de 70% dos recursos são provenientes de uma taxa aplicada a empresas locais, criada em 2019. O restante é subsidiado, mas há a intenção de que seja complementado com propaganda e outras fontes.
O prefeito de Vargem Grande Paulista, Josué Ramos (PL), considera que o modelo é replicável, até em nível estadual, e ressalta que dobrou a média de passageiros na cidade, o que incentivou o consumo, a geração de empregos e o acesso da população periférica a serviços básicos.
• São Caetano do Sul
Em novembro deste ano, os ônibus municipais de São Caetano do Sul, no ABC paulista, começaram a circular gratuitamente. Com isso, a cidade se tornou a primeira da região a financiar o transporte municipal — que custa R$ 5 no bilhete comum.
O investimento previsto é de cerca de R$ 2,9 milhões por mês à concessionária do sistema Vipe (Viação Padre Eustáquio), e o custo será subsidiado exclusivamente pelo município. A gestão municipal também prevê o aumento do número de passageiros em 50% — atualmente são 15 mil usuários por dia.
São Paulo
Embora o programa Tarifa Zero esteja sendo aplicado em São Paulo apenas aos domingos, o prefeito Ricardo Nunes acredita que a medida deve tornar a cidade mais acessível.
“São Paulo é rica, com 12 milhões de habitantes, mas que tem uma parcela da população pobre. Com a tarifa zero, teremos uma cidade mais acessível. Mais famílias poderão frequentar os equipamentos públicos gratuitos. Às vezes, a pessoa não faz uso de toda essa rede por conta de não ter o recurso da tarifa. Então, é uma política pública de inclusão. A tarifa zero aos domingos vai ampliar o lazer e permitir que a população viva mais a cidade”, reforçou.
*Sob supervisão de Vivian Masutti
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