Taxa era para melhorar a ocupação, diz ex-membro de movimento
Motorista que integrou o MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia) entre 2013 e 2016 prestou depoimento à Polícia Civil nesta sexta-feira (4)
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Em depoimento para a Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (4), o motorista Ricardo Luciano Lima, 41, ex-integrante do MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia), disse que chegou a observar o uso das contribuições financeiras para “aquisição de produtos de qualidade para serem empregados na melhoria tanto da habitabilidade como da segurança” do prédio que desabou no Largo do Paissandu (centro de São Paulo), na madrugada da última terça-feira (1º).
O motorista integrou o movimento entre 2013 e 2016 e deixou o grupo por causa de uma “incompatibilidade de gênio” com a coordenadora que era responsável por receber os valores financeiros dos moradores da ocupação do prédio incendiado.
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No depoimento prestado ao delegado do 3º DP (Campos Elísios), Osvany Zanetta Barbosa, Lima disse que, quando entrou para o MLSM, o prédio incendiado já estava ocupado. Ele afirmou que nunca atuou na coordenação da ocupação, justamente pelos desacordos com a coordenadora do local.
Lima teria deixado o movimento para participar de outro grupo de luta por moradia. Quando soube do incêndio e da queda do prédio, na manhã de 1º de maio, foi ao local prestar assistência às famílias desabrigadas e intermediar as negociações com os órgãos públicos.
Ainda de acordo com o depoimento do motorista à polícia, o prédio contava com um “sistema de distribuição de energia elétrica bem-feito”. O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse na última quinta-feira (3), que o motivo do incêndio foi um curto-circuito.
Ele disse que manteve contato estreito com dois coordenadores da ocupação que são investigados pela polícia sobre possíveis responsabilidades no incêndio. Ele afirma que os dois tinham importância no prédio. Ele disse, no entanto, que não se relacionava com a coordenadora, a responsável pelas arrecadações.
A reportagem apurou que o prédio contava com lideranças de diversas organizações, diferentemente de outras ocupações habitacionais. Cada líder era responsável por um grupo de moradores, mas as arrecadações ficavam concentrada em um único coordenador — que seria o membro do MLSM.