Time de várzea fecha rua para dar dia de lazer às crianças na periferia
Projeto social do time Veneza, do extremo sul de SP, organizou evento no Dia das Crianças para levar brinquedos e dar doces aos filhos dos moradores
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Pula-pula, piscina de bolinhas, doces, cachorros quentes e samba. Já está virando tradição no Jardim Itajaí, periferia da zona sul de São Paulo, o Dia das Crianças ter ruas fechadas para dedicar o dia inteiro de lazer para as crianças.
“Esse já é o quarto ano que organizamos e, como tem crescido cada vez mais, ficamos animados para os próximos anos”, diz Renata Duarte, 37 anos, integrante do Projeto Veneza e uma das organizadoras do evento.
O projeto social dos moradores da região nasceu com o crescimento do time de várzea Veneza Futebol Clube. Segundo o diretor Renato Novais, 36 anos, o crescimento do time foi acontecendo gradativamente até conseguir ajudar em eventos no bairro.
"O time surgiu só para brincar de futebol. Começamos a crescer com o esporte e montamos o veterano, que são uns caras mais maduros que formam a diretoria. Como nós fomos criados nesse bairro e nunca tivemos nada disso, pensamos em proporcionar para as crianças que estão vindo. Assim nasceu o projeto social”, explica Novais.
As conversas com as crianças mostram que o objetivo do projeto tem sido alcançado. “A gente brinca todo dia, mas os brinquedos mesmo só têm quando o Veneza é campeão, ou é tipo Dia das Crianças, Natal, ou essas coisas assim”, diz Jennifer Martins da Silva, 8 anos, que sonha em ser veterinária.
A amiga dela, Kamilly Vitória Braz Silva, 10 anos, reforça dizendo que o evento do projeto social é “muito divertido e todas crianças gostam”. Ela também quer ser veterinária. Os pais de nenhuma das duas fazem parte do evento, mas moram na mesma rua que o Veneza organiza o Dia das Crianças.
Times da várzea homenageiam clubes e comunidades nas camisas
Pelo que depender dos meninos que estavam curtindo os brinquedos, o futuro do time de futebol está garantido. “Quero ser jogador de futebol. Vou jogar no Veneza e, depois, o que vier é lucro”, diz Paulo Henrique dos Santos Gonçalves, 13 anos. Mas se for para escolher um, o menino quer jogar no Corinthians.
Ele foi um dos primeiros a chegar na rua para brincar. Desde 11h estava no o pula-pula contratado pelo projeto social. Por volta das 15h30, chegou a diversão para os adultos também: uma roda de samba com grupo Resenha dos Bambas. “Agora não tem hora para acabar”, diz Renata.
O evento foi noite a dentro, mesmo depois da retirada dos brinquedos, no final da tarde. De acordo com a organizadora do evento, o Veneza “recebeu tantas doações que deu até para doar para festas das comunidades vizinhas”. Cerca de 300 crianças que foram ao evento ganharam um kit com doces antes de ir embora.