Três em cada dez objetos perdidos no Metrô de SP voltam aos donos
Em 2019, mais de 103 mil itens foram recolhidos nas estações. Entre os achados estão prótese de perna, dentaduras e aparelho de som
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7
Você já esqueceu alguma coisa nas estações do Metrô de São Paulo? A Central de Achados e Perdidos, que fica na estação Sé, no centro, reúne itens no mínimo curiosos: uma prótese de perna, dentadura, aparelho de som, espada, pares de sapatos, celulares, carteiras e milhares de cartões. Só em 2019, foram recolhidos 103.210 itens, um aumento de 13% em relação a 2018. Desse total, 24.787 objetos foram devolvidos aos donos, cerca de 24%. Uma média de 3 a cada 10 que foram catalogados no sistema.
"A nossa satisfação é conseguir devolver aos donos. Por isso a equipe faz um verdadeiro trabalho de investigação para tentar chegar até o proprietário. Vão daqui para o CSI (série americana de TV sobre investigação)", brincou o supervisor operacional da Sé, Marcelo Carvalho.
Leia mais: Mais de 60% dos moradores dizem que se mudariam de SP, diz pesquisa
Qualquer pista que leve à localização do dono é bem-vinda. Carvalho relatou como o trabalho funciona: "se tiver uma dica, tipo o cartão de um clube, a gente liga lá para informar que o cartão está na central. Se for bilhete único, a gente avisa na escola. O importante é devolver o máximo possível".
Mas o que não chega ao dono em até 60 dias, também não é desperdiçado. Roupas, acessórios, sapatos e valores vão para o Fundo Social de São Paulo e serão doados. O supervisor da Sé explica que "passado o prazo, é feita uma triagem em todos os itens. Até o dinheiro recolhido será depositado numa conta do fundo de solidariedade".
Veja também: Demora e burocracia são principais queixas de quem recebeu DPVAT
Triagem
Assim que chega às mãos de um funcionário, o objeto localizado é cadastrado no sistema ainda na própria estação e numerado. Depois de uma semana sem que alguém tenha procurado, ele vai via malote para a Central na Sé. Sob o olhar vigilante das câmeras, os itens são confirmados no sistema em duas conferências e catalogados.
Nesta quarta-feira (22), o R7 acompanhou a contagem de itens de um malote vindo da estação Brigadeiro da linha 2-Verde. Tinham cartões, óculos de sol, garrafa de água, bilhete único, celular, carteiras com documentos e dinheiro, até dólar. Doze funcionários trabalham divididos em dois turnos na Central.
Leia ainda: Tribunal de Contas suspende licitação do Poupatempo
A operadora de transporte metroviário, Mara Shirlei, está há 5 meses na central, mas tem 30 anos na empresa. Ela conta que, para retirar o objeto, é preciso informar o maior número possível de informações, como características, marca, cor, data, onde sumiu e, se possível, levar até nota fiscal.
"Se tiver identificação com nome e telefone, a gente tenta chegar até o proprietário e agenda a retirada. Para retirar, é preciso descrever o objeto, a gente não mostra nada. Quando tem senha de bloqueio, a pessoa tem que desbloquear e ainda relatar uma foto ou contato telefônico para certificar que o aparelho é mesmo dela", disse a funcionária.
Oportunistas, às vezes, aparecem na Central, mas a desculpa não costuma colar: "tem gente que aparece aqui para tentar dar golpe, mas a gente percebe que não é dele o objeto por não saber as características do item. Com jeitinho, ele sai, mas teve um que acusou a gente de roubar o celular", revelou Mara.
Veja também: 63% dos paulistanos não lembram vereador que votou, diz pesquisa
Todos os objetos recolhidos nas estações das linhas 1, 2, 3, 4 e 15 do Metrô são encaminhados para a Sé e permanecem no local para devolução por 60 dias. Apenas a linha 5-Lilás tem uma central própria. Os itens ficam em uma sala por 2 meses e são separados por categoria.
No local, funciona também um museu com relíquias encontradas, como espadas, instrumentos musicais, máquinas de escrever, discos de vinil, capacetes e até um sombrero mexicano.
Os documentos e cartões que não são retirados na central são destinados aos respectivos órgãos emissores. Os livros que estão em bom estado de conservação passam a compor o acervo do projeto "Achados na leitura", que são estantes itinerantes para retirada de livros por passageiros gratuitamente. Remédios vão para um posto de saúde e o que é perecível ou não pode ter nenhum encaminhamento é descartado.
Leia mais:Imediatismo prejudica combate a enchentes em São Paulo
Ranking das estações
As estações Palmeiras/Barra Funda, Jabaquara, Sé, Corinthians/Itaquera, República, Tucuruvi, São Bento, Trianon-Masp e Santana são as que registram o maior número de objetos perdidos no ano passado.
Itens mais recebidos na Central em 2019:
1º Cartões diversos (bancários, escolares, agremiações, etc.): 23.316
2º Bilhete único SPTrans: 17.596
3º Documentos (RG): 10.027 e (CNH): 3.000
4º Carteiras: 4.390
5º Bilhete BOM: 2.657
6º Dinheiro (independentemente do valor): 2.475
7º Chaves: 1.696
8º Blusas/casacos/jaqueta: 1.621
9º Celular: 1.478
10º Óculos de grau: 1.352
As consultas de objetos identificados e documentos podem ser feitas pessoalmente, na Central de Achados e Perdidos, na estação Sé, de segunda a sexta-feira, exceto feriados, das 7 às 20h. Outra opção é a Central de Informações do Metrô, pelo telefone 0800-770 7722 ou ainda pelo site (www.metro.sp.gov.br). Já a consulta de objetos não identificados só poderá ser feita presencialmente na Central de Achados e Perdidos.
Os itens só serão devolvidos ao proprietário após apresentação de documento de identificação. Parentes em primeiro grau também podem fazer a retirada após comprovarem o vínculo familiar.
O Metrô garante que na Central não há produtos apreendidos nos vagões ou plataformas. Nestes casos, a mercadoria é enviada para a subprefeitura e pode ser retirada mediante pagamento do imposto devido. Um boletim de ocorrência é também registrado.
Veja itens curiosos deixados para trás pelos usuários nas estações: