Um mês após incêndio, demolição de edifício no centro de São Paulo não tem previsão de término
Segundo a prefeitura, por se tratar de uma ação emergencial, o cronograma e o orçamento da obra ainda não foram definidos
São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7
O incêndio que consumiu o edifício Comércio e Indústria na rua Comendador Abdo Schahin, 78, no centro de São Paulo, completa um mês nesta quarta-feira (10) e os trabalhos de demolição, que começaram no dia 16 de julho, não têm data de término.
A Prefeitura de São Paulo ainda não sabe quanto a obra vai custar. Ainda assim, deu autorização para execução do serviço por ser emergencial e para evitar riscos aos pedestres e trabalhadores da região da rua 25 de Março. Até o momento, as causas do incêndio não são conhecidas.
Segundo a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), no momento, as equipes fazem a demolição da alvenaria nas duas laterais do prédio atingido pelas chamas. Os revestimentos estavam se soltando e representavam risco aos operários que trabalham no local e pedestres que circulam pela área.
Leia também
No interior do edifício, todos os guarda-corpos no centro da construçãoforam demolidos. Os espaços foram sinalizados e proteções de metal foram instaladas para garantir a segurança dos envolvidos.
Segundo a prefeitura, também está em andamento a limpeza do oitavo e nono andares. O trabalho de escoramento da estrutura foi iniciado.
"Os andaimes fachadeiros e escadas de emergência externas estão sendo instalados na parte frontal do edifício, garantindo mais mobilidade e segurança aos operários. Nesta semana deve ser concluída a instalação do véu (rede de proteção) na fachada do prédio", informou em nota.
A empresa contratada para a demolição foi a G2O Gerenciamento e Obras. Por se tratar de uma ação emergencial, o cronograma e o orçamento ainda estão em elaboração, de acordo com a prefeitura.
Após o término dos trabalhos, o condomínio terá de ressarcir a administração municipal.
Destruição pelo fogo
O incêndio começou na noite de domingo, 10 de julho, e foi contido somente na quarta-feira (13), após mais de 60 horas de trabalho do Corpo de Bombeiros. As chamas comprometeram a estrutura do edifício e se alastraram para outros três empreendimentos.
O combate ao fogo envolveu mais de 80 bombeiros. A extensa coluna de fumaça pôde ser vista de diversos pontos da capital. Na ação, dois brigadistas ficaram feridos e foram hospitalizados com queimaduras de segundo grau.
Durante vistoria, o engenheiro Álvaro de Godoy Filho, da subprefeitura Sé, identificou riscos às estruturas e, por medida de segurança, nove edifícios chegaram a ser interditados no entorno. Os imóveis não são residenciais e não houve desabrigados, segundo a prefeitura. O risco de desabamento iminente do prédio foi descartado.
A rua 25 de Março e as demais vias da região foram interditadas, o que alterou momentaneamente a rotina do comércio popular.
Investigação
O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial, na Sé. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), os comerciantes são ouvidos e apresentam a documentação para liberar as mercadorias.
Em nota, a SSP informou que os laudos periciais ainda estão em elaboração e, assim que concluídos, serão analisados pela autoridade policial. As diligências continuam para esclarecer as circunstâncias do incêndio.
Prejuízo
O incêndio na região deixou mais de 200 lojas de portas fechadas no maior centro de comércio popular do país, além de afetar cerca de 15 mil funcionários, de acordo com Cláudia Urias, diretora-executiva da Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências).
"As obras são realizadas sem prejudicar o movimento da região. A perícia foi realizada, mas ainda não saiu o laudo [com a causa do incêndio] e não foi concluído o cálculo dos prejuízos. Hoje, as lojas estão funcionando normalmente. Somente está interditado o prédio que pegou fogo e uma edificação ao lado, com dois comércios, mas estes serão liberados em breve. Estão aguardando a estruturação lateral do prédio", explica.
No térreo do edifício, as lojas permanecem fechadas. Marcelo Mouawad, porta-voz da Univinco, destacou que o movimento na região caiu de 30% a 40% desde o início da pandemia de Covid-19, não só após o incêndio.
"A gente não se recuperou, o movimento está bem abaixo dos padrões pré-pandemia. A gente depende muito do turismo de compras e é um hábito que o consumidor perdeu. Então a gente está tentando recuperar. Estamos trabalhando nisso", diz.