Um mês após início de inverno, Prefeitura de São Paulo inaugura albergue emergencial para moradores de rua
Capital registrou hoje madrugada mais fria do ano; morador de rua morreu em Pinheiros
São Paulo|Gustavo Basso, do R7
A Prefeitura de Sao Paulo inaugurou na tarde desta quarta-feira (19) o primeiro albergue emergencial provisório para moradores de rua, no bairro do Pari, região central da capital. O local faz parte do PEI (Programa Emergencial de Inverno), lançado às pressas pela gestão João Doria e que tem previsão para durar 45 dias, podendo se estender caso o frio continue.
O projeto foi lançado com a chegada de uma nova frente fria à capital. A cidade registrou média de 7,6ºC durante a madrugada, considerada a mais fria do ano até agora. Um morador de rua foi encontrado morto na tarde desta terça-feira (18), na esquina da rua Teodoro Sampaio com a avenida Dr. Arnaldo, um dos pontos mais movimentados da cidade.
O albergue apresentado pelo prefeito foi montado em um pátio de armazenamento da estatal de iluminação pública Ilume. O local tem capacidade para 460 pessoas, sendo 60 mulheres alojadas em dormitórios e 400 homens em um galpão de cerca de 600 m².
Segundo a prefeitura, o centro já estará aberto a partir das 19 horas de hoje.
Perguntado se uma estrutura semelhante não poderia ter sido instalada após a primeira morte de um morador de rua por hipotermia, em maio, o prefeito disse que naquele momento não havia “uma previsão de um inverno tão rigoroso”.
— Essa situação é recente, então agimos rapidamente. Tudo isso aqui foi montado em 48 horas. E devemos dobrar a capacidade desse centro para mil pessoas. Nós fazemos o que é possível, milagre não conseguimos fazer.
Como vem ocorrendo em outros equipamentos públicos dessa gestão, a instalação do albergue, que funcionará apenas no período da noite e madrugada, foi financiada por empresas privadas a partir de doações.
A manutenção também vai depender da iniciativa privada, segundo o gestor municipal. Uma empresa de alimentação doará as refeições servidas no centro — jantar e café-da-manhã — e uma indústria de cosméticos, os kits de higiene básica. A adiminstração ficará a cargo de uma entidade religiosa.
Cobertores molhados
Durante a apresentação, Doria comentou a denúncia desta quarta da rádio CBN, que informou que moradores de rua da Sé e do Pátio do Colégio foram molhados por equipes de uma empresa terceirizada da prefeitura responsável pela limpeza dos locais.
— O Bruno Covas (secretário de Prefeituras Regionais e vice-prefeito) já orientou todas as equipes a terem mais cuidado ao proceder com a limpeza, que é necessária. Ressalto aqui também que não houve jato d'água sobre ninguém, apenas os cobertores que foram molhados.
Vídeos públicos feitos nesta manhã na Sé também mostraram funcionários da prefeitura ameaçando retirar a barraca de um morador de rua, enquanto outro reclama que seus pertences foram recolhidos sem a devida entrega do contralacre.
Ouvido pelo R7 na última semana, o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Filipe Sabará, comentou a denúncia.
— Os assistentes sociais passam primeiro e avisam: 'precisamos fazer a limpeza'. Casos eles não saiam, aí eles tiram eles com a barraca, porque eles precisam fazer a limpeza, até para a higiene deles próprios. Mas a zeladoria avisa a secretaria com antecedência também.
Na ultima semana, Sabará havia afirmado que a SMADS não faz a retirada debarracas de moradores de rua.
Doações
O evento também foi utilizado para anunciar novas doações de empresas privadas à prefeitura. Uma empresa textil anunciou a doação de 25 mil pares de meias, totalidade de pessoas nas ruas, segundo estimativa da prefeitura. Também foi anunciada a doação de cobertores por uma empresa varejista.
Após o anúncio, Doria, vestido com um colete da Defesa Civil, e os secretarios de Assistência Social, Serviços e Obras, Direitos Humanos, Esporte, Segurança Urbana e Prefeituras Regionais acompanharam equipes da Defesa Civil para a doação de cobertores em diferentes pontos do centro da cidade.