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Urbanistas cobram olhar social em projeto no Centro de SP; setor imobiliário elogia

Nesta semana, a Câmara Municipal de SP aprovou projeto com novas regras e intervenções urbanísticas para a região central

São Paulo|Do R7

Usuários de drogas na rua Helvétia, na região central de São Paulo
Usuários de drogas na rua Helvétia, na região central de São Paulo

Projetos de intervenção urbana na região central de São Paulo são necessários, mas precisam contemplar questões sociais, como a população em situação de rua e a precariedade das habitações que já existem. Também é preciso levar em consideração aspectos urbanísticos, a "cara" do centro. Essa é a análise de urbanistas e arquitetos sobre o PIU (Projeto de Intervenção Urbana) do Setor Central.

Nesta semana, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto para novas regras e intervenções urbanísticas para o Centro da capital paulista.

O PIU prevê a criação de corredores verdes e de incentivos diversos para o mercado imobiliário, o restauro de bens tombados e a construção de edifícios para famílias de baixa renda. Um dos principais objetivos é ampliar a população da região central em 200 mil pessoas, com aposta no aumento de 3,6 milhões de m² em área construída. Representes do setor imobiliário elogiaram a proposta, e a Prefeitura de São Paulo destacou o plano de requalificação do centro.

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A aprovação foi de um substitutivo apresentado pela liderança do governo. Uma das principais mudanças em relação ao texto original (de 2020, da gestão Bruno Covas, do PSDB) foi a desistência em começar a cobrança de outorga onerosa (taxa para construir acima do limite básico cobrada em grande parte da cidade) no setor histórico do PIU, mantendo isenção semelhante à que ocorre hoje, pela operação urbana. Essa era uma reivindicação do setor imobiliário.


"Não sou contra o projeto de intervenção urbana no centro, ele precisa ser feito, mas precisamos pensar na questão social, como uma solução para a população em situação de rua, na zeladoria e a questão ambiental. Ele chega até o Rio Tietê e no Tamanduateí, áreas sensíveis do ponto de vista ambiental. Ele não toca nesse ponto", afirma o arquiteto, urbanista e professor da USP Nabil Bonduki.

Os especialistas questionam a isenção da contrapartida das construtoras para erguer empreendimentos nas regiões da Sé, República e Luz. Pelo projeto original, a chamada outorga onerosa destinaria recursos para os projetos de habitação de interesse social. A gratuidade da outorga permite construir até seis vezes a área do terreno sem pagar nada por isso.


"Na votação, eles (os vereadores) tiraram a contrapartida. O projeto não vai ganhar os recursos que ganharia. Com isso, é impossível fazer as alterações previstas", critica a professora Paula Santoro, coordenadora do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade).

Representantes do setor imobiliário pensam de maneira oposta. "O projeto original passava a cobrar uma outorga onerosa. O que era incentivo passou a ser 'desincentivo'", afirma Ricardo Yazbek, vice-presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis). "A gratuidade foi uma das sugestões que fizemos para aperfeiçoar o projeto original", completa.


Parlamentares da base governista têm entendimento semelhante e argumentam que o projeto também busca revitalizar a economia na região central. "O PIU é um instrumento fundamental para desenvolver a urbanização, produzir habitação e incentivar a economia na região central", afirma o vereador Fabio Riva (PSDB) líder do governo na Câmara.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que a outorga onerosa igual a zero no setor Centro Histórico (República e Sé) e na região da Cracolândia valerá por cinco anos. "O incentivo à habitação é o grande objetivo do Projeto para a transformação do centro. A expectativa é atrair cerca de 220 mil novos moradores à região. O PIU insere-se num plano mais amplo do Município para requalificação da região central."

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