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Vale afirmou que barragem era segura 45 dias antes do rompimento

Afirmações foram feitas em uma reunião da Câmara de Atividades Minerárias, após contestações relacionadas a um pedido da Vale para ampliar operações 

São Paulo|Márcio Neves e Pablo Nascimento, do R7

Mina era considerada de risco 6, o mais alto na escala, após as mudanças recebeu o risco 4
Mina era considerada de risco 6, o mais alto na escala, após as mudanças recebeu o risco 4

Em uma reunião de um órgão da Secretaria de Meio Ambiente do Governo de Minas Gerais em 11 de dezembro de 2018 — 45 dias antes do rompimento da barragem na mina da Vale de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — a empresa havia assegurado aos participantes que a barragem era segura e que havia sido aprovada por uma auditoria naquele ano.

Leia também: Vale 'não vê responsabilidade' e pede liberação de bens, diz defesa

As afirmações foram feitas em uma reunião da Câmara de Atividades Minerárias, após contestações relacionadas a um pedido da Vale para ampliar operações na mina de Brumadinho e, também, fazer trabalhos de reaproveitamento e tratamento dos rejeitos na barragem rompida, que na época, estava desativada desde 2015.

O pedido foi feito após uma decisão do governo de Minas Gerais que rebaixou, em dezembro de 2017, o índice de risco da mina Córrego do Feijão. Antes a mina era considerada de risco 6, o mais alto na escala, após as mudanças a mina recebeu o risco 4. Com este índice alterado, a Vale teve a oportunidade de, dentro da lei, aprovar três licenças de uma só vez. Se estivesse categorizada no índice anterior, precisaria obter as licenças em etapas.


Vale teve a oportunidade de, dentro da lei, aprovar três licenças de uma só vez
Vale teve a oportunidade de, dentro da lei, aprovar três licenças de uma só vez

Para a ambientalista Maria Tereza Corujo, este procedimento reafirma a culpa da Vale na tragédia que já contabiliza mais de 60 mortos e centenas de desaparecidos na pequena cidade turística.

“Ela é totalmente responsável por este rompimento, não foi um acidente. Se ela tivesse cumprido todas as etapas conforme o índice de risco anterior, certamente isto não teria acontecido”, afirma Maria.


A licença para o tratamento e reaproveitamento da barragem que rompeu estava incluída neste processo e foi autorizado em 21 de dezembro.

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Segundo o Governo de Minas Gerais, a alteração do índice foi feito para “adequar à atual realidade de classificação dos mais diversos empreendimentos” e que o processo teria sido feito em uma força tarefa que envolveu dezenas de técnicos, ONGs e instituições de defesa e proteção do meio ambiente de Minas Gerais.


Procurada pela reportagem do R7, a vale enviou a seguinte nota:

“A aprovação ocorrida na reunião de dezembro se refere à licença para a Mina de Jangada, que é operada a seco e sequer tem barragem. A barragem 1, que se rompeu, estava localizada na Mina do Córrego do Feijão, e não tinha relação com a Mina de Jangada. A barragem 1 possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passou por auditoria em 2018.

É importante salientar ainda que na referida reunião foi aprovado o descomissionamento da barragem 1 de Feijão, e não sua operação. A estrutura estava inativa há dois anos e meio”

Veja entrevista completa com a ambientalista:

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