"Vamos fazer uma festa", diz noivo de jovem escalpelada após cirurgia
Segundo médicos, procedimento cirúrgico de 10 horas ocorreu sem complicações. Previsão é de que jovem deixe Centro de Terapia Intensiva hoje
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
Débora Stefanny Dantas de Oliveira sempre quis fazer medicina. Na manhã desta segunda-feira (16), quando despertou teve ainda mais certeza disso. Há 15 dias, após ter couro cabeludo e parte do rosto arrancados em um acidente em uma pista de kart, localizada no estacionamento de um supermercado no bairro de Boa Vista, na zona sul de Recife, ela enfrenta uma série de cirurgias complexas – a última com cerca de 10 horas de duração para restituição da calota craniana.
Desde a manhã de hoje, ela se arrisca a falar sobre assuntos leves, bem diferentes da preocupação que tinha há dois dias, quando toda a família aguardava com grande tensão o momento do procedimento cirúrgico. "Ela está consciente, só fala de coisas leves. Não pode ter fortes emoções agora", diz o noivo da garota, Eduardo Tumajan, que a acompanha desde o primeiro momento após o acidente.
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Segundo o noivo, Débora passa bem emocionalmente, apesar do inchaço causado pelas microcirurgias. "Ela está muito esperançosa, forteleceu o sonho que tinha de ajudar as pessoas com a medicina", diz. "Minha reação foi de alegria em ver a pessoa que amo se recuperando, agradeço todos os dias por isso."
Tumajan foi quem recuperou parte da cabeça da jovem e levou até o hospital que foi atendida inicialmente em Recife em uma sacola de plático. Nos momentos anteriores à cirurgia, ele afirmou que ambos não faziam planos para o futuro, apenas estavam concentrados em enfrentar o presente e os procedimentos médicos.
Passadas as primeiras 48 horas da intervenção, Tumajan já tem um plano para o dia em que deixarem o hospital e retornarem a Recife. "Vamos fazer uma festa e convidar todos que nos ajudaram neste momento para comemorar. Ela estar com saúde e celebrar a vida."
Cirurgia complexa
De acordo com o Hospital Especializado de Ribeirão Preto, Débora foi internada no domingo (18) e, na manhã do sábado (24), por volta das 6h, entrou em sala para anestesia. A microcirurgia reconstrutiva teve início às 7h40.
"A cirurgia durou quase 10 horas, o que já era esperado, pois ela envolve várias etapas", explicou o médico Alex Boso Fioravanti, cirurgião plástico, especialista em microcirurgia reconstrutiva do Hospital Especializado de Ribeirão Preto.
"Trabalhamos em duas equipes de microcirurgioes, operando simultaneamente. Apesar da complexidade, temos experiência com esse procedimento e a cirugia ocorreu conforme o previsto, realizamos o transplante com sucesso e sem intercorrências."
"A Débora acordou tranquila da cirurgia e está muito confiante no tratamento. Ela permaneceu estável durante todos esses dias, e está se recuperando bem", disse o médico.
Considerado um procedimento de grande porte, a intervenção é chamada de retalho microcirúrgico realizado em casos de reconstrução de cabeça e pescoço. Pelo menos dez profissionais participaram do procedimento. "Além dos cirurgiões contamos com uma equipe de anestesistas, instrumentadores e enfermeiros habituados com cirurgias desse porte", disse Alex.
A primeira previsão era de que o procedimento terminasse entre 14 e 15 horas. Às 14h30, o hospital informou que a microcirurgia se estenderia até às 17h em função da alta complexidade. Este é a terceira realizada no Hospital Especializado de Ribeirão Preto. A jovem passou por uma cirurgia de pálpebra na quinta-feira (22).