Vítima de tentativa de estupro em metrô relata descaso em delegacia
Após sair da faculdade, jovem foi abordada por um homem em frente a estação São Joaquim. Ela conseguiu fugir da tentativa de estupro
São Paulo|Ugo Sartori, do R7*
Bruna Astrid, estudante de odontologia, estava na estação São Joaquim, linha 2-Azul, região central de São Paulo, de onde iria até a estação Santo Amaro da CPTM (Companhia de Paulista de Trens Metropolitanos), quando um homem aproximou-se dela e agarrou seu braço.
"Eu tinha acabado de sair de uma prova na quarta-feira (22) e estava voltando mais cedo para casa. Eram umas 20h, 21h, eu estava chegando na estação quando aconteceu", conta.
"Na hora eu achei que fosse um assalto, mas foi diferente, ele não dizia nada." O homem alto e de barba tentou levar Bruna para longe da movimentada avenida São Joaquim. Ela disse que nunca desconfiaria dele. "Ele parecia mais um cara comum."
O homem segurou Bruna pelo braço, mas ela conseguiu se soltar e tentou fugir. Ele segurou a blusa de Bruna, que apertou o passo, começou a correr e conseguiu se soltar do suspeito. "Na hora eu não pensava nada, foi muito rápido."
A estudante voltou para a avenida e correu de volta para a faculdade. Ela não conseguia falar nada, estava em "pânico" e foi levada para a enfermaria. Apenas meia hora depois, Bruna conseuguiu recuperar o fôlego e contar o que havia acontecido. Os funcinários da faculdade acompanharam a jovem até o 11º BPM (Batalhão da Polícia Militar) da Vergueiro, para que ela pudesse fazer o registro da tentativa de estupro.
Vítima relata descaso na delegacia
Uma vez dentro do Batalhão, Bruna disse que não conseguiu registrar o caso. "Foi uma policial mulher e outros dois homens que me atenderam e eles debocharam do que aconteceu." Os policiais, inclusive a mulher, teriam dito à Bruna que não poderiam fazer nada por ela. Segundo estudante, o Metrô, não tratou o caso como tentativa de estupro porque não havia nenhum boletim de ocorrência que comprovasse o que ela disse ter ocorrido.
A universitária disse que um dos seguranças do Metrô, com quem conversou, falou que o homem provalmente levaria ela para algum carro próximo ao local. "Ele me disse que ouviu falar de alguns casos assim pela região."
"Nunca pensei que aconteceria comigo até que um dia a gente vira estatística." Bruna disse que ainda não tinha parado para pensar no que queria que acontecesse com o homem. "Mas queria que ele fosse pego para não fazer isso com mais ninguém."
A tentativa de estupro contra Bruna aconteceu na semana em que uma série de denúncias sobre tentativas de estupro próximos à estações de metrô surge. No mesmo dia em que seu caso aconteceu na estação São Joaquim, uma outra universitária foi estuprada nas imediações da estação Sacomã, da linha 2-Verde do Metrô.
E desde sábado (18), mulheres têm relatado nas redes sociais outras tentativas de estupro próximas à estações do Metrô. Mesmo não registrando esses casos, elas contam o medo de virarem vítimas de violência sexual.
Outro lado
O Metrô se posicionou sobre o caso informando que há apenas um caso registrado, o da estação Sacomã. Informou também que ajuda as investigações policiais como pode. "Todas as gravações das câmeras do circuito interno de segurança da estação estão sendo analisadas e até o momento não foi identificada nenhuma imagem do caso relatado."
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) foi questionada pelo R7 sobre o relato de descaso por parte dos policiais de plantão no 11º BPM (Vergueiro) ao não registrarem a tentativa de estupro sofrida por Bruna e por não encaminharem ela à uma delegacia para que o BO fosse registrado. Em nota, a Assessoria da Polícia Mlitar informou que não sabia do caso. "A Polícia Militar esclarece que não foi notificada oficialmente a respeito dos detalhes e do teor das denúncias e que não houve registros relacionados ao caso."
*Estagiário do R7, com supervisão de Ingrid Alfaya