Vítimas de Abdelmassih fazem ato em SP pela manutenção da sentença do ex-médico
Defesa tentará o anulamento da condenação que prevê 278 anos de cárcere
São Paulo|Caroline Apple, do R7

As vítimas do ex-médico Roger Abdelmassih fizeram um ato nesta quarta-feira (1), na frente do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), para pedir a manutenção da sentença de 278 anos, proferida em 2010. De acordo com Vanuzia “Vana” Leite Lopes, de 54 anos, uma das 52 vítimas que consta nos autos do processo, a defesa de ex-médico tentará nesta quinta-feita (2) a anulação da sentença por falta de provas. Para sensibilizar as autoridades, o movimento "Vítimas Unidas", protocolou no TJ-SP, durante o ato, um abaixo-assinado com 62 mil assinaturas.
— Não vamos deixar isso acontecer. Se ele for solto, eu serei presa em casa, assim como passei muitos anos, com medo e sofrendo ameaças. Não queremos justiça, queremos a manutenção da justiça. E isso só será possível com ele preso.
Durante a manifestação, uma nova vítima ganhou rosto. Bastante nervosa e sempre amparada, a dona de casa Gislaine Afanasiev, 44 anos, decidiu aparecer pela primeira vez na mídia em consideração às outras vítimas do ex-médico.
— Não fui estuprada, mas ele agarrou no meu pescoço e me beijou. Também estou no processo como vítima desse homem que tem que ficar na cadeia até o dia de sua morte.
De acordo com as vítimas, o único freio de estupradores é o cárcere.
Movimento 'abraça' outros casos de estupro e assédio
Outras mulheres também estavam no ato. Elas foram incorporadas aos movimento "Vítimas Unidas", que passou a reunir, além das vítimas de Abdelmassih, mulheres e também homens com histórias semelhantes e que buscam justiça.
É o caso de Marta Maria Ribeiro Consoli, mãe da jovem Bianca Consoli, estuprada e assassinada em 2011, aos 19 anos, pelo motoboy Sandro Dota. Na época, o caso ganhou a atenção nacional pela forma cruel como a garota foi morta dentro da própria casa.
Durante a manifestação, Marta contou que a defesa de Dota está tentando uma nova redução na pena de 33 anos, que já teve uma progressão de três anos.
— Querem tirar mais sete anos da pena. E ainda existe a possibilidade de tirarem a acusação de estupro, o que colocaria ele diretamente na rua. É por casos como esse que luto ao lado do movimento das vítimas de Abdelmassih. A Justiça tem que considerar a família na hora de tomar uma decisão.