Zona Azul eletrônica vai facilitar aplicação de multas
Sistema começa a ser testado nesta segunda-feira
São Paulo|Márcia Francês, do R7

A nova Zona Azul eletrônica vai facilitar a aplicação de multas e a rotatividade dos veículos, segundo especialistas. A preocupação, no entanto, é o custo de implantação do sistema e se ele vai ser eficiente.
O ex-presidente da Dersa, consultor de engenharia urbana e especialista em trânsito, Luiz Célio Bottura, afirma que a Zona Azul eletrônica facilita a fiscalização.
—A essência é a facilidade de controle e de aquisição. Na realidade, ele facilita muito mais dar a multa do que a simples compra. Os mais modernos sistemas permitem que a multa seja eletronicamente emitida.
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A vantagem, segundo o especialista, é a rotatividade permitida pelo sistema.
—Você facilita que seja democraticamente dividido o espaço, não é privilégio de quem chega mais cedo ou de quem é amigo de um guardador. Elimina os guardadores, dá mais segurança, dá mais controle, dá mais facilidade ao usuário.
Outro especialista em trânsito, o ex-secretário de Transportes de Sampa, Getúlio Hanashiro, está preocupado com o custo para o usuário. O mecanismo não foi implantado até agora, segundo ele, porque “o custo da implantação era mais caro que o benefício que proporcionaria”.
—O meu receio sempre é o problema do custo. Se for para aumentar o custo da tarifa, não vale a pena.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) sinalizou que, pelo menos por enquanto, o valor da Zona Azul não vai mudar. Atualmente o preço oficial é de R$ 3 a folha unitária e R$ 28 o talão com dez folhas.
Para Hanashiro, essa experiência que a CET pretende fazer é válida para avaliar três coisas.
—Uma é a comodidade do usuário, que esse é o principal papel. E nesse sentido, o talonário da Zona Azul era razoável, do ponto de vista do usuário da zona. A segunda preocupação é facilidade de implantação, que você não requer grandes obras ou não requer obras na via ou na calçada. E terceiro é o problema da fiscalização. É fácil de fiscalizar. Tem que verificar se esse sistema tem pouca viabilidade de ser burlado.
A médica Andrea Rodrigues Orsatti, de 42 anos, já ouviu falar do sistema e está curiosa para experimentar. A preocupação dela, no entanto, é se o mecanismo vai funcionar.
—Pretendo testar para ver se funciona realmente, mas aí o medo de tomar uma multa por conta disso. Se o sistema não der certo e a gente ser multado, aí vai ser mais uma coisa para gente ter que recorrer. Eu tenho um pouco de receio quanto a isso.
Período de testes
A Zona Azul eletrônica começa a ser testada nesta segunda-feira (5), em várias regiões da capital paulista. Cinco sistemas, cada um apresentado por uma empresa diferente, serão testados simultaneamente na cidade. Na primeira fase, cerca de 10 mil vagas já poderão ser usadas com pagamento eletrônico.
O sistema será testado na região de Pinheiros, dos Jardins, do Itaim-Bibi, do Paraíso e do Bom Retiro. Em cada um deles, uma empresa distinta testará sua tecnologia. Apenas a do Itaim-Bibi não contempla o uso pelo smartphone de créditos adquiridos pela internet ou em pontos de venda. Lá, o controle de minutos de estacionamento será feito por parquímetros móveis que poderão ser encontrados em lojas, bancas de jornal ou mesmo pela internet.
A juíza Maria Nina Galante, de 60 anos, acredita que o sistema vai facilitar a vida do usuário.
—A minha relação com o papel está cada vez menor. Hoje é tudo informatizado, digitalizado. O papel é problemático, porque, às vezes, a gente não acha para comprar na hora. Eu sou favorável a qualquer coisa que diminua o uso do papel.
Outro que não gostar de correr atrás dos talões de estacionamento é o arquiteto Dimas Artur Faria Rosa, de 53 anos. Ele é de São José dos Campos, no interior paulista, e costuma vir à capital. Só que não tem o hábito de ter um talonário de Zona Azul.
—Hoje mesmo eu cheguei, não estava aberto [o ponto de venda de cartão de zona azul] e tive que aguardar. Essa praticidade é interessante, de você ter um aplicativo que você possa comprar via cartão. Acho muito melhor.
Cada empresa terá prazo máximo de 20 dias, a partir desta segunda-feira, para colocar seu sistema em funcionamento. Após o início da operação, elas terão 30 dias para testar seu sistema dentro de sua área — nada será pago pela companhia pela oferta da tecnologia e o lucro das empresas deverá vir da margem de ganho que já está prevista na venda dos talões atuais de Zona Azul. Depois disso, a CET vai decidir se homologa ou não cada um dos sistemas.
O objetivo da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) é que, até o ano que vem pelo menos um desses modelos já esteja em funcionamento em todas as 36.170 vagas de Zona Azul de São Paulo.