Antes sob suspeita, CoronaVac ganha elogios de médicos
Vacina tem 78% de eficácia para prevenir casos leves de covid-19; a taxa de proteção sobe para 100% em relação a quadros graves
Saúde|Brenda Marques, do R7
A CoronaVac tem 78% de eficácia para proteger contra casos leves de covid-19. Além disso, o percentual de proteção sobe para 100% em relação a quadros graves e moderados da doença, de acordo com dados dos testes da fase 3 dos estudos clínicos feitos no Brasil e divulgados nesta quinta-feira (7) pelo governo de São Paulo. Especialistas ouvidos pelo R7 avaliam que esses resultados são excelentes e muito animadores.
"É uma eficácia excelente para níveis populacionais. Se você torna quase 80% das pessoas imune, isso faz com que a pandemia comece a diminuir e, aos poucos, teremos o controle completo", afirma o infectologista Carlos Fortaleza, professor do Departamento de Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
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De acordo com ele, é por isso que o fato de a eficácia ser menor em comparação com os imunizantes da Pfizer e da Moderna não é preocupante do ponto de vista coletivo. "Uma vacina com quase 80% de eficácia vai dar imunidade de rebanho, porque impede a circulação do vírus", esclarece.
O especialista destaca que a CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e que será produzida pelo Instituto Butantan, foi testada em contextos muitos mais duros que as outras, como também declarou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, porque os voluntários foram profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia. "Talvez, se as outras fossem testadas nessas circunstâncias, também apresentariam eficácia menor", analisa.
A pediatra Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) concorda com Fortaleza em relação à excelência do imunizante. "É maravilhoso. É uma vacina excelente. Eu achava que o atraso [na apresentação dos dados] era porque os resultados tinham sido baixos, mas, ao contrário, é muito acima do que a gente precisava para começar a vacinação", destaca.
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Entretanto, ela observa que a pandemia só será controlada quando, 60% da população, em média, for vacinada. "Com esses resultados, teremos uma enorme diminuição do número de óbitos e da [ocupação] de leitos de UTI, mas não se muda o cenário pandêmico enquanto não tiver uma grande parcela da população vacinada", explica.
Fortaleza acrescenta que a CoronaVac apresenta vantagens em relação às vacinas da Pfizer e da Moderna, que precisam ser armazenadas a temperaturas de - 70 ºC e - 20ºC, respectivamente. "Estamos falando de uma vacina de fácil distribuição. Temos no Brasil uma rede de frio muito bem organizada, que alcança populações ribeirinhas do extremo do Amazonas, mas isso não seria possível com uma vacina que requer -70°C", pondera.
A CoronaVac faz parte do plano de vacinação contra a covid-19 do governo do Estado de São Paulo, que tem previsão de início no dia 25 para grupos prioritários. Em pronunciamento em rede nacional na quarta-feira (6), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a Coronavac será incorporada ao calendário nacional de vacinação.