Assolado pela guerra, Iêmen tem 1º caso de coronavírus e prevê mais
Em meio a um cessar-fogo que começou na quinta, o país, que teve muitos hospitais destruídos em ataques. teme efeitos devastadores da covid-19
Saúde|Do R7
O Iêmen relatou o primeiro caso de coronavírus do país nesta sexta-feira (10), e grupos humanitários preveem uma epidemia no país, onde a guerra devastou os sistemas de saúde e espalhou doenças e fome.
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A notícia do caso confirmado em laboratório chegou na esteira da adoção de um cessar-fogo de âmbito nacional na quinta-feira em reação à pandemia do vírus. Uma coalizão liderada pelos sauditas que enfrenta o movimento houthi iemenita disse que suspenderá as operações militares por duas semanas, mas os houthi ainda não seguiram o exemplo.
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Um iemenita de 60 anos foi diagnosticado em Hadhramout, região produtora de petróleo no sul controlada pelo governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, comunicou o comitê de emergência nacional.
O porta-voz Ali al-Walidi disse a jornalistas que o doente, que trabalha no pequeno porto de Ash Shihr, está em condição estável em um centro de quarentena.
Medidas de emergência
As autoridades ordenaram o fechamento de Ash Shihr durante uma semana para uma limpeza profunda e instruíram os trabalhadores do local a se isolarem em casa por uma quinzena, de acordo com uma diretiva vista pela Reuters.
Elas também impuseram um toque de recolher noturno de 12 horas em Hadhramout a partir das 18h desta sexta-feira.
Os governadores das regiões vizinhas de Shabwa e Al Mahra ordenaram o fechamento de suas fronteiras com Hadhramout também nesta sexta-feira.
Se o vírus se disseminar no Iêmen, o impacto será "catastrófico", disse Lise Grande, coordenadora humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), à Reuters, já que o estado de saúde de ao menos metade da população está "muito degradado" e o país não tem suprimentos ou instalações suficientes.
"Esta é uma das maiores ameaças que o Iêmen enfrentou nos últimos 100 anos", disse Grande em um comunicado emitido nesta sexta-feira. "É hora das partes pararem de lutar umas contra as outras e começarem a lutar contra a Covid juntas".