Enquanto para algumas mulheres tudo flui de maneira muito natural, para outras o caminho é um pouco mais complicado quando o assunto é amamentação. E, embora haja quem se desespere, se culpe ou mesmo se diminua, o importante a se ter em mente neste momento é que, sim, pode mesmo demorar um pouco até que a mãe e o bebê se encontrem no encaixe perfeito — e não há nada de ruim nisso.
“O que importa é se está funcionando para você, porque não tem certo e errado. Se o bebê está girando no teto sobre a sua cabeça enquanto mama, mas está bebendo o leite direito e ganhando peso direito, qual o problema?”, questionou, em tom divertido, o pediatra canadense especialista em amamentação e consultor do Unicef Jack Newman, em sua palestra em São Paulo na última semana, durante o 3º Simpósio Internacional de Assistência ao Parto.
Newman trabalha na área há 32 anos, e, ao desconstruir os mitos mais comuns sobre amamentar, já ajudou milhares de mulheres que enfrentavam dificuldades a encontrar conforto e prazer no ato de alimentar os filhos. Entre as técnicas que ele sugere — e que não têm nada de fórmula mágica, ele deixa claro —, está a da correta “pega” do bebê no seio, abocanhando a auréola de um modo que não fere os mamilos.
— O queixo é o que encosta primeiro no peito, enquanto o nariz fica distante. Com isso, ele pega a auréola mais com o lábio de baixo do que com o de cima. Se o bebê só abocanha o mamilo, ele não bebe leite o suficiente. Mas, se mudamos um ou dois centímetros para dentro, tudo muda. Esses 2 cm são muito importantes”, explica o pediatra.
Um sinal claro de que o bebê pode não ter abocanhado o seio de uma maneira eficiente é quando ele chora, fica irritado e vira a cabeça para os lados.
— Se ele parece infeliz, devemos prestar atenção. No entanto, só temos um problema real se ele não ganhar peso. Neste momento, geralmente vem o médico da família e diz que ele tem refluxo. Já eu, eu digo que bebês que só mamam no peito não têm refluxo, exceto raríssimas exceções.
Cair no sono, por sua vez, pode ser um indicativo de que a saída de leite dos mamilos diminuiu. De acordo com Newman, bebês respondem ao fluxo de alimento — se ele fica escasso, eles provavelmente vão acabar dormindo. E é também em nome do bom fluxo que o pediatra condena veementemente os protetores flexíveis de mamilo.
— Bicos de silicone deveriam ser proibidos, exceto se forem recomendados por um profissional em amamentação. As mães são ensinadas que bicos de silicone são iguais aos mamilos, o que é uma mentira. No geral, ninguém ensina as mães como fazer. As enfermeiras colocam o bebê no peito dela e tchau, vão embora. Quando as mães ouvem, por exemplo, que, se seus filhos não forem bem nutridos, eles terão problemas neurológicos, elas entram em pânico. No Canadá isso acontece sempre. Isso é porque os médicos amam as fórmulas, mas não amam a amamentação.
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