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Brasil aumenta em 15% a doação de órgãos, mas falta de informação é empecilho para salvar mais vidas

Em junho, 32.952 pessoas estavam na fila de transplantes de órgãos no País

Saúde|Dinalva Fernandes, do R7

População mais esclarecida tende a doar mais órgãos, diz especialista
População mais esclarecida tende a doar mais órgãos, diz especialista

O número de transplante de órgãos no Brasil aumentou em 15,7% no primeiro semestre de 2017, se comparado com o mesmo período do ano passado. Com essa porcentagem, o País se mantém em um nível intermediário em um ranking de doações no mundo. No entanto, o médico nefrologista e presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Roberto Manfro, acredita que o índice poderia ser mais satisfatório se a população tivesse mais acesso à informação sobre as doações de órgãos.

— Falar que a doação de órgãos é tabu não é verdade. Hoje em dia, todas as religiões são a favor dos transplantes e não existe malefício relacionado aos transplantes que tenha sido comprovado. O grande problema é a falta de esclarecimento em relação às doações, do que propriamente um tabu. Quando as pessoas são esclarecidas, elas entendem e se posicionam a favor. O diagnóstico de morte encefálica no Brasil é um dos mais seguros do mundo, como exige a legislação, mas tem gente não acredita. Por isso, tem que melhorar a quantidade de informações em todos meios: população, agentes de saúde e classe médica.

O crescimento foi decorrente do aumento da taxa de notificação de potenciais doadores de 4,5% e da taxa de efetivação da doação de 7,2%, explica Manfro.

— Uma parte do aumento das notificações é a pessoa deixar claro para a família o desejo de doar seus órgãos. A outra parte das notificações são dos hospitais. Uma lei obriga os hospitais com determinados números de leito a notificarem os casos de morte encefálica.


O avanço genético que pode possibilitar transplante de órgãos de porcos em humanos

Já em relação ao último semestre de 2016, o aumento foi de 11,8%. A taxa de doações passou de 14,6 pmp (por milhão de população) para 16,2 pmp, segundo último relatório divulgado na última quinta-feira (10). O especialista esclarece que os países desenvolvidos têm índices melhores porque têm mais experiência nessa área, mais divulgação das informações e populações mais homogêneas.


— A Espanha, por exemplo, é o país campeão em doação de órgãos e tem política governamental muito forte em apoio à causa. A lei no Brasil é muito boa também e o governo apoia e financia de forma adequada, tanto que alguns Estados apresentam índices tão bons quanto os de países desenvolvidos. O Brasil está no nível intermediário de doações, com 16,2 doações pmp (por milhão de população) por ano e os mais desenvolvidos, 35 pmp em média.

Órgãos e doações


Dados da ABTO ainda mostram que houve crescimento nos transplantes de rim (5,8%), fígado (7,4%) e córneas (7,6%) e diminuição nos transplantes de coração (3,6%), pulmão (6,5%) e pâncreas (6,0%). Pela primeira vez, desde 2011, o transplante cardíaco deixou de crescer, com queda de 3,6%, mas espera-se recuperação do índice no próximo semestre. O transplante pulmonar também diminuiu (6,5%) e é realizado em apenas três Estados no Brasil (RS, SP e CE).

Em junho, 32.952 pessoas estavam na fila de transplantes de órgãos no Brasil. E, quando se consegue o transplante, é necessário seguir um estilo de vida à risca para manter a saúde, orienta Manfro.

— A primeira coisa que o transplantado tem que fazer, assim como qualquer outra pessoa, é seguir um estilo de vida saudável, se alimentar bem, se hidratar, não fumar, não beber, praticar exercícios físicos, controlar o peso e a pressão arterial. A segunda coisa é fazer os exames periódicos, ir nas consultas e nunca deixar de tomas os medicamentos imunossupressores, que previnem a rejeição.

O nefrologista afirma que os órgãos retirados de uma pessoa saudável que sofreu morte cerebral podem beneficiar pelo menos nove pessoas, que podem receber coração, pulmões, rins, fígado, córneas, pâncreas. Porém, invenções podem inutilizar alguns desses órgãos e tecidos.

— Qualquer infecção respiratória que pode ocorrer em ambientes hospitalares, por exemplo, pode inutilizar os pulmões, que são muito sensíveis. Se houve algum trauma no abdômen ou a barriga estiver muito inchada, o pâncreas também pode ser descartado.

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