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Burlar regras para tomar 3ª dose pode atrapalhar resposta imune

Três médicos e uma veterinária burlaram sistema para tomar uma 3ª dose contra a covid; médica diz que 'tiro pode sair pela culatra'

Saúde|Do R7

As vacinas em aplicação no Brasil, com exceção da Johnson, são administradas em duas doses
As vacinas em aplicação no Brasil, com exceção da Johnson, são administradas em duas doses

Tomar uma terceira dose da vacina anticovid em um curto espaço de tempo pode não apenas ser inútil do ponto de visto imunológico, como pode atrapalhar a resposta do organismo e causar mais reações adversas, segundo a pediatra Flávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), que ressalta que ainda não há estudos conclusivos sobre dose de reforço das vacinas em aplicação.

Em São Paulo, três médicos e uma médica veterinária estão sob investigação do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) por terem burlado o sistema de vacinação e tomado a 3ª dose. No caso da veterinária, ela tomou a dose de reforço apenas três meses após completar o esquema vacinal da CoronaVac. 

De acordo com a especialista da SBIm, antes de considerar uma terceira dose de reforço, é necessário conduzir estudos para saber qual é o melhor intervalo de tempo para o sistema imunológico receber a aplicação.

“Porque, eventualmente, quando o intervalo é muito curto, o tiro pode sair pela culatra [e a terceira dose] não proporcionar a eficácia que se espera. Não temos ainda essa resposta. Doses de reforço sendo usadas em intervalos curtos não funcionarão como reforço, ou não atingirão o máximo da capacidade para produzir aumento de anticorpo”, explica.


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Ela destaca que já há estudos neste sentido sendo conduzidos em países que controlaram a pandemia e têm uma boa cobertura vacinal, o que não é o caso do Brasil, que tem apenas 16% da população vacinada com as duas doses.

“Nossa preocupação não deveria ser vacinar mais quem já está vacinado, pois essas pessoas estão no auge da proteção fornecida pela vacina, temos que atingir a cobertura vacinal primeiro. Então [burlar as regras para tomar a 3ª dose] é uma medida boba, não pautada em ciência, arriscada, pois não sabemos se pode dar mais eventos adversos graves ou interferência de resposta imunológica, além de ser desonesto e egoísta”, afirma Flávia.

A infectologista Ana Rachel Rodrigues ressalta que não há benefício comprovado cientificamente de uma terceira dose das vacinas neste momento. “E dessa forma estão tirando a vacina de quem está na fila esperando, é isso o que temos que pensar. Nossa vacinação está lenta, tivemos dificuldades para a aquisição das vacinas, então é uma questão de empatia e sensibilização”, afirma.

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