Nos últimos anos, casais estão recorrendo a tratamentos de reprodução assistida para realizar o sonho da gravidez. Entre os motivos para o novo cenário, estão adiamento da maternidade, aumento da prevalência de infecções sexuais, endometriose, alterações que comprometem a anatomia do sistema reprodutivo feminino e problemas relacionados aos espermatozoides, enumera o ginecologista Newton Busso, presidente da Comissão Nacional Especializada em Reprodução Humana da Febrasgo (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia).
— Quanto mais tarde a mulher deixa para ter filhos, mais difícil fica, já que os óvulos começam a perder sua qualidade à medida em que o tempo passa. A partir dos 35 anos, a fertilidade feminina despenca.
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Por ser considerada uma doença, o médico reforça que a infertilidade precisa de tratamento. Embora não existam estatísticas brasileiras, o problema atinge 15% dos casais em fase reprodutiva, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
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Antes do desespero para saber se você é ou não fértil, o especialista avisa que o tempo médio para um casal jovem, sem problemas de saúde e com vida sexual ativa engravidar pode chegar a 12 meses.
— Isso significa ter de duas a três relações sexuais por semana, em dias alternados e sem métodos contraceptivos ao longo de 365 dias. Se nada acontecer neste período, é importante procurar o médico para investigar as causas.
No caso de mulheres acima dos 35 anos, se a gravidez não acontecer em seis meses de tentativas, já se deve procurar ajuda. O ginecologista Ricardo Baruffi, da SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), avisa que “em cada ciclo menstrual, a probabilidade de concepção é de 20% a 25%”.
— Quando a mulher não engravida, temos que investigar o casal, pois 40% dos fatores são provenientes só de um dos sexos e 20% de ambos.
Se identificado algum problema que prejudique a fertilidade, o primeiro passo é tratar a causa e estimular que a gestação ocorra naturalmente, explica Baruffi.
— Caso não seja possível, lançamos mão das técnicas de reprodução assistida, como inseminação intrauterina e fertilização in vitro, dependendo do diagnóstico da mulher.
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A inseminação consiste na implantação de espermatozoides do marido dentro do útero no período fértil, facilitando a formação do embrião. Já a fertilização in vitro é um processo que envolve a indução da ovulação para a retirada dos óvulos do corpo da mulher. A fertilização ocorre dentro do laboratório com o sêmen do marido e a transferência dos embriões para o útero é feita entre o segundo e o quinto dia pós-fecundação.
— Enquanto o custo da inseminação varia entre R$ 1.000 e R$ 3.000, a fertilização pode chegar a R$ 20.000.
A taxa de sucesso varia de 35% a 40%, de acordo com a idade da mulher e diagnóstico do casal, ressalta Bussi. Como nos serviços públicos há fila de espera e os planos de saúde não cobrem o procedimento, a realização do sonho da maternidade vai depender da conta bancária do casal.