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Com 4,5 mil casos registrados no Brasil em duas décadas, Hepatite D passa a ser testada pelo SUS

Projeto piloto começou na região Norte, que concentra 72% dos diagnósticos pela infecção no país

Saúde|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília

Testagem é uma das formas de prevenir agravamento do quadro Renato Araújo/Agência Brasília - 09.09.2022

Entre as hepatites virais, o tipo D (HDV) tem uma das menores ocorrências no Brasil. Entre 2000 e 2023, foram 4.525 casos da doença, representando 0,6% dos casos de hepatites virais no país ao longo do período. Do total de diagnósticos, 72,5% estão concentrados no Norte do país, como mostra o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, publicado nesta sexta-feira (26), pelo Ministério da Saúde. A concentração da doença na região inspirou a pasta a iniciar um projeto-piloto de testagem.

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Em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a iniciativa começou pelo município de Lábrea, cidade amazonense de 45 mil habitantes – que fica a 407 km de Porto Velho e a 850 km de Manaus. Os pesquisadores visitaram comunidades ribeirinhas às margens do Rio Purus, realizando testes rápidos e exames laboratoriais diagnósticos. Segundo a instituição, o rastreio já ocorria em Rondônia, foi ampliado para o Sul do Amazonas e passará a outras regiões.

Coinfecção entre as hepatites D e B é considerada grave pela OMS

De acordo com o Ministério da Saúde, a iniciativa chega ao SUS (Sistema Único de Saúde) para preencher uma lacuna no diagnóstico. Embora pouco comum, a HDV é considerada a forma mais grave de hepatite viral. Isso porque, para se manifestar, ela depende de uma infecção simultânea com a forma aguda da HBV (hepatite B) ou da contaminação de um indivíduo com a forma crônica do HBV.

Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que essa coinfecção está associada a uma maior ocorrência de cirrose dentre os pacientes, mesmo naqueles com um período mais curto desde o contágio, de até dois anos. Ela também está associada a um maior risco de evolução para câncer hepatocelular e à morte.


Assim como nos outros quatro tipos, a Hepatite D pode não apresentar sintomas. Nos pacientes que os têm, os mais comuns são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, observação de pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. A forma de contágio é idêntica à do HBV, por meio de relações sexuais sem o uso do preservativo; de mãe infectada para o filho durante a gestação e o parto; através do compartilhamento de materiais.

Homens, negros e jovens são os principais afetados pela doença

O boletim do Ministério da Saúde mostra que 58,5% dos casos ocorre entre homens, com um aumento da diferença entre os gêneros em 2023. No ano passado, eram quase dois homens diagnosticados com HBV para cada uma mulher. Além disso, 60,5% foram identificados em pessoas jovens, com idades de 20 a 44 anos, outros 18,8% tinham mais que 50 anos.


As pessoas negras compõem o grupo racial mais afetado pelo vírus, com 62,8% dos casos, sendo 57,6% pardos e 5,2% pretos. Entre os brancos o índice é de 17,3%, 6,6% de indígenas e 1,3% de amarelos. Já quanto à forma de apresentação, o relatório mostrou que a crônica é predominante, em 75,9% dos casos. Logo em seguida aparecem a forma aguda, 18,9%, e a fulminante, 0,4%.

Embora não haja uma vacina específica para a Hepatite D, a imunização contra o HBV está disponível no SUS e é um importante aliado contra a coinfecção. A recomendação é que seja dada para todas as pessoas não imunizadas, independentemente da idade. Segundo o Ministério da Saúde, o esquema completo é de quatro doses para crianças e três para adultos.

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