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Como saber se você tem um aneurisma? Neurologistas explicam

Problema é incomum e silencioso, mas pode ser fatal; a maioria das pessoas viverá sem saber que têm e morrerá de algo não relacionado, diz médico

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Maior parte dos aneurismas não se rompe
Maior parte dos aneurismas não se rompe

Apenas de ouvir as palavras aneurisma cerebral muitas pessoas já ficam preocupadas. A explicação é simples: como saberei se tenho um?

O rompimento de um deles costuma ter alta taxa de mortalidade (46% dos casos nos Estados Unidos) ou também pode deixar sequelas graves (60% dos sobreviventes). Não há dados consolidados em relação a aneurismas no Brasil.

Primeiramente, é preciso entender o que é um aneurisma. Trata-se de uma protuberância ou uma bolsa semelhante a um balão que se forma na parede de uma artéria, em um ponto fraco.

Essa anormalidade nos vasos sanguíneos pode passar despercebida ao longo da vida de uma pessoa. Mas há casos em que se torna mortal.


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"O aneurisma sacular, que é como se fosse uma bolsinha, é o mais comum. Pode aparecer ao longo da vida. Nos Estados Unidos, entre 3% e 5% da população têm. Anualmente, apenas 10 em cada 100 mil pessoas têm um aneurisma que se rompe. Ou seja, a maior parte dos aneurismas não se rompe", explica o médico neurologista Roger Taussig, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.


Segundo Taussig, o aneurisma cerebral é um problema que surge durante a vida. "Ninguém nasce com ele", diz. "A maior probabilidade de ter aneurisma é acima de 30 anos, com maior pico de incidência entre 50 e 60 anos."

As mulheres costumam ter mais aneurisma do que os homens, de acordo com o neurologista.


Alguns fatores relacionados à saúde, histórico familiar e hábitos podem sugerir uma maior predisposição a desenvolvê-lo.

Qualquer pessoa com dois ou mais parentes de primeiro grau (pais, irmãos e até filhos) com aneurisma cerebral, principalmente se houve ruptura, deve passar por acompanhamento médico.

Se a pessoa ou algum parente sofre de doenças que aumentam o risco de fragilidade das artérias cerebrais (síndromes de Marfan e de Ehler Danlos) e a renal policística, os médicos costumam ficar mais atentos.

A pressão alta, colesterol elevado, obesidade e doença arteriosclerótica pré-existente são outros fatores que sugerem um aumento da predisposição de o indivíduo ter um aneurisma ao longo da vida. O fumo e o álcool também são apontados pelos médicos como um fator de risco.

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Como saber se tenho?

"Há casos em que o aneurisma é sintomático. Por exemplo, se estiver empurrando um nervo, pode provocar algum sintoma que faz a pessoa procurar atendimento médico e aí descobre o aneurisma", acrescenta Taussig.

No entanto, outros aneurismas são assintomáticos.

"A maioria das pessoas viverá suas vidas inteiras sem saber que elas têm um [aneurisma] e morrerão de algo não relacionado", disse o médico Thabele Leslie-Mazwi, especialista neuroendovascular do Hospital Geral de Massachusetts, em artigo recente.

A Academia Brasileira de Neurologia ressalta que "não há prevenção, exceto manter atenção ao risco familiar, maior determinante para o aneurisma, assim como dores de cabeça súbitas e intensas, além de doenças associadas. Nesses casos, a descoberta em fase assintomática permite uma terapêutica preventiva que evite o rompimento".

O neurologista Rubens José Gagliardi, da Associação Brasileira de Neurologia, ressalta que "não há prevenção" para um aneurisma.

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A principal recomendação é se manter atento ao risco familiar, que é o fator mais determinante.

"Importante ressaltar que, ao apresentar evidências clínicas fora da normalidade em termos de intensidade e surgimento, como dores de cabeça súbitas, quadros vertiginosos, síncope, déficit de força e de sensibilidade, vale uma avaliação do especialista para identificar a causa e iniciar o tratamento imediatamente."

O exame mais usado para identificar um aneurisma cerebral é a angiografia por subtração digital, um procedimento realizado no hospital. Consiste no uso de um cateter, inserido na virilha. Ao chegar no cérebro, insere-se um contraste para mapear as artérias e visualizar o aneurisma.

Uma vez diagnosticado, o médico tem protocolos internacionais para calcular o risco de rompimento e compará-lo ao risco de uma intervenção cirúrgica.

"O que define se o aneurisma vai se romper ou não são: tamanho, localização, se o paciente teve um sangramento prévio de outro aneurisma, e se é um aneurisma lobulado, como se fosse uma cachinho de uva. Esses têm mais chance de se romper do que o aneurisma liso", diz Roger Taussig.

O monitoramento é fundamental, porque vai demonstrar se o aneurisma está crescendo ou não. Caso não haja evolução, o paciente apenas irá repetir os exames periodicamente.

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