Cerca de 35% passam por aneurisma sem sequelas, como Emilia Clarke
Atriz de 32 anos da série Game of Thrones sofreu dois aneurismas; pressão alta e cigarro desencadeiam o problema em quem já tem predisposição
Saúde|Deborah Giannini, do R7
Cerca de 30% das pessoas morrem imediatamente após um aneurisma. Entre as 70% que conseguem sobreviver, metade terá sequelas graves e a outra metade irá se recuperar totalmente. Emilia Clarke faz parte dessa minoria.
A atriz de 32 anos que interpreta a personagem Daenerys Targaryen, na série Game of Thrones, revelou à revista norte-americana The New Yorker que sofreu dois aneurismas. Fez duas cirurgias para sanar o problema, sendo a primeira quando ela tinha apenas 24 anos.
“Sobreviver a um aneurisma depende da quantidade de sangramento e do quadro clínico do paciente. Quando um aneurisma se rompe, não se sabe se vai sangrar pouco e causar sintomas como dor de cabeça súbita de forte intensidade, náusea e vômito, ou se vai sangrar muito [acima de 50 ml], provocando aumento da pressão craniana e levando à morte”, explica o neurocirurgião André Bianco, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
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Emilia descreve no artigo que “sentiu como se uma cinta elástica apertasse seu cérebro”. “Quase me arrastando, cheguei ao vestiário. Entrei no banheiro e me ajoelhei, com náuseas. Enquanto isso, a dor me perfurava a cabeça cada vez mais. Sabia o que estava acontecendo: meu cérebro estava afetado”, afirmou à revista.
Ela se sentiu mal na academia, enquanto se exercitava. A atriz havia iniciado atividade física para aliviar o grande estresse das gravações, segundo seu depoimento.
Estresse pode interferir no problema
O aneurisma é uma dilatação da parede da artéria que, devido à pressão do sangue, forma uma pequena bolsa. Essa dilatação ocorre quando há uma fragilidade na artéria, de acordo com o neurocirurgião Mariano Fiore, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
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“Geralmente há uma predisposição e o tabagismo ou a pressão alta vão fazer o aneurisma aparecer”, afirma. “Se o estresse eleva a pressão arterial, então ele pode, desta forma, desencadear o problema”, completa.
Como é uma doença da artéria, o aneurisma pode acontecer em qualquer parte do corpo, sendo mais comum no cérebro, no abdome, pernas, braços e na aorta, a mais importante artéria do corpo. Os casos graves são mais frequentes a partir dos 50 anos, segundo Fiore.
“Quando há casos em mais de um membro da família, há maior chance de a pessoa ter um aneurisma”, afirma.
Nesses casos, ele orienta a consulta de um especialista - que pode ser um cirurgião vascular ou neurologista - para rastrear o risco do surgimento de dilatações, já que não causa sintomas. Além disso recomenda o controle da pressão arterial, uma dieta saudável, a prática de atividade física e o não tabagismo.
Isolar aneurisma pode levar à vida normal
As sequelas do aneurisma estão relacionadas às áreas do cérebro afetadas, que vão desde alteração do movimento dos olhos, paralisia dos membros, como ocorre no AVC, até o estado comatoso, também chamado de vegetativo.
Os neurocirurgiões explicam que existem dois tipos de tratamento: a craniotomia, na qual o crânio é aberto e é feita a clipagem do aneurisma, ou seja, ele é isolado da artéria, e a técnica endovascular, na qual um cateter é introduzido na artéria femoral levando uma pequena mola metálica, que envolve o aneurisma, impedindo um novo sangramento.
"Uma vez que o aneurisma seja isolado, o paciente poderá levar uma vida normal, fazendo apenas exames de controle. No método cirúrgico, há 90% de chance de ele ser definitivo, ou seja, que seja preciso fazer uma vez somente na vida. Já o endovascular, não", explica Fiore.
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Segundo Bianco, geralmente opta-se pela clipagem, sendo a terapia endovascular indicada a pacientes com risco cirúrgico ou quando a localização do aneurisma apresenta risco ao procedimento.
O neurocirurgião explica que a sobrevida após a ruptura de um aneurisma varia de 10% a 80% e depende do quadro clínico do paciente antes do incidente e de quanto sangramento provocou esse aneurisma. “Um aneurisma que não rompeu pode ser tratado e o risco de ele se romper é muito baixo”, afirma.
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