Coronavírus: não há motivo para população entrar em pânico
Letalidade do novo vírus é baixa em comparação a outras epidemias, como a de gripe A (H1N1); Brasil se adiantou na prevenção, diz especialista
Saúde|Do R7
O coronavírus é, sem dúvida, o assunto do momento. Em rodas de conversas, grupos de Whatsapp e no noticiário. Em muito lugares, a preocupação é tamanha que as máscaras para o rosto são disputadas a tapa nas farmácias. Mas a questão é: não há motivo para pânico.
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A insegurança e comoção tem tomado conta das pessoas. Na Austrália, o medo do coronavírus acabou em briga em um vagão de trem após uma mulher tossir. No Brasil, o preço da máscara subiu 569% de acordo com aa Anahap (Associação Nacional de Hospitais Privados). Para especialistas, a melhor maneira de combater esse medo que toma a população mundial com o avanço da epidemia está na informação.
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Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o novo coronavírus matou 3,4% dos infectados. Essa letalidade da doença é considerada baixa em comparação a outras epidemias recentes, como a de gripe A (H1N1) e do ebola, por exemplo.
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O ebola, que apareceu pela primeira vez em 1976, causou uma grave epidemia entre 2014 e 2016 nos países africanos de Guiné, Serra Leoa e Libéria, matando 11.308 pessoas no período. De acordo com dados da OMS, a taxa média de mortalidade causada pela doença é de 50%, tendo variado de 25% a 90% em surtos passados. Desde que foi descoberto, o vírus causou a morte de 12.913 pessoas no mundo todo.
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O surto mundial de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) entre 2002 e 2003 atingiu 8.098 pessoas na Ásia, Europa e nas Américas, sendo registradas 774 mortes. Um relatório da OMS divulgado em 2003, quando o surto foi considerado encerrado, citou uma taxa de mortalidade de 15%, que podia variar em cada região do mundo. Em números absolutos, o novo coronavírus já causou mais mortes que a Sars, mas sua taxa de mortalidade é menor: 3,4%, de acordo com a OMS.
A gripe A, causada pelo H1N1, causou uma pandemia em 2009, quando foi identificada. No fim do surto, em 2010, a OMS estimou em 18.500 o número de mortes causadas pela doença. Entretanto, em estudo posterior, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) estimou que entre 151.700 e 575.400 pessoas morreram de H1N1 em todo o mundo.
O Brasil teve em 2019 teve 1.109 mortes por gripe, segundo o último relatório do Ministério da Saúde. O subtipo de vírus da gripe que mais matou foi o H1N1, com 787 óbitos.
Brasil
O país tem 35 casos confirmados — número pequeno se comparado a países como China (80,7 mil), Coréia do Sul (7.478), Itália (9.172) e Irã (7.161). Não há motivo para pânico, pois o Brasil está adiantado em relação a propagação das medidas de prevenção como observa o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.
“O modo de precaução é absolutamente o mesmo. A orientação vem sendo antecipada justamente para que as pessoas já saibam como agir”, afirma. “O Brasil se antecipou de uma forma bastante acertada na prevenção”, acrescenta.
Importante também destacar que além das medidas preventivas adotadas pelo Ministério da Saúde, a pesquisa caminha rapidamente. Pesquisadoras da USP (Universidade de São Paulo) em parceria com universidade da Inglaterra sequenciaram o genoma do coronavírus em tempo recorde, apenas dois dias. O primeiro passo para a produção de vacinas e medicamentos.