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Covid longa: pesquisa aponta que 18,9% dos brasileiros com Covid tiveram sintomas persistentes

60 milhões de brasileiros dizem ter contraído a doença desde o início da pandemia

Saúde|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

Ansiedade e perda de memória são sintomas Marcelo Camargo/Agência Brasil - Arquivo

Entre os 60 milhões de brasileiros que contraíram a Covid-19, 18,9% relatou ter sofrido com sintomas persistentes e que duraram além da doença — a chamada “covid longa”. Os sintomas mais registrados foram ansiedade (33,1%), cansaço (25,9%), dificuldade de concentração (16,9%) e perda de memória (12,7%).

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Os dados são da pesquisa Epicovid 2.0, que foi feita pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) com participação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Fiocruz (undação Oswaldo Cruz), UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre) e UCPel (Universidade Católica de Pelotas).

Segundo o levantamento, os sintomas de covid longa foram mais frequentes em mulheres e na população indígena. Entre os que contraíram a Covid-19, 28,8% afirma que sente os sintomas até os dias atuais. 36,4% conta que teve os sintomas, mas que não sentem mais, e 34,9% não teve sintomas remanescentes da doença.

A covid longa é o termo criado para se referir a sintomas percebidos por pessoas que tiveram a Covid-19 e se recuperaram dos estágios iniciais. No início da pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) definiu que a covid longa era uma doença percebida três meses depois do início da covid-19 e que dura pelo menos dois meses, não podendo ser explicada por um diagnóstico alternativo.


A presidente da Fiocruz, Margareth Dalcomo, explica que essa definição da doença foi atualizada ao longo do tempo e não delimita o período de sintomas. “A covid longa tem um problema que começa com a nomenclatura [...] Esse é o melhor nome por se tratar de uma doença nova que nós não temos certeza se os sintomas são por aquela doença”, relata. Segundo ela, quanto mais nos distanciarmos da pandemia, mais informação teremos. “É uma situação de grande complexidade clínica”, declara.

Pedro Hallal, professor universitário responsável pela pesquisa, afirma que o levantamento apontou que os impactos da pandemia para a população brasileira são grandes e duradouros. “Quatro anos depois, em um novo momento da saúde pública no Brasil, apresentamos um estudo que não é um monitoramento, mas sim uma avaliação dos impactos que a pandemia teve sobre a vida das pessoas e de famílias brasileiras”, disse.


Vacinação

Ainda segundo a Epicovid 2.0, a vacinação contra Covid-19 teve adesão de 90,2% da população, que tomou pelo menos uma dose. 84,6% das pessoas completaram o esquema vacinal de duas doses. Os grupos mais imunizados foram os idosos, mulheres e aqueles de maior escolaridade e de maior renda. A região que aplicou mais a vacina foi a Sudeste.

57,6% da população afirma que confia no imunizante, contra 27,3% que dizem desconfiar da vacina. 15,1% se diz indiferente. Entre a população desconfiada, a maioria é de pessoas com menor renda.


Pedro Hallal afirma que o levantamento aponta que a pandemia acirrou desigualdades sociais, visto que as pessoas com menos poder aquisitivo foram as mais afetadas em todos os índices. “A campanha de desinformação que foi conduzida naquela época atingiu quem mais precisava dela, que foram os mais pobres”, declara.

Entre as pessoas que se mostraram hesitantes sobre a vacinação:

  • 32,4% disse que o motivo foi por não acreditar no imunizante;
  • 31% disseram achar que a vacina poderia fazer mal;
  • 2,5% afirmaram que já tinham tido a doença, então acreditavam não precisar de vacina;
  • 1,7% disse ter problemas de saúde que impediam a vacinação;
  • 0,5% disse não acreditar na existência do vírus da covid;
  • 31,9% relataram outros motivos.

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