De fácil diagnóstico, clamídia pode levar à infertilidade se não tratada
Maioria das infecções é assintomática tanto em homens quanto mulheres
Saúde|Do R7
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) divulgou o relatório anual de Vigilância de Doenças Sexualmente Transmissíveis que diz que mais de dois milhões de casos de clamídia, gonorreia e sífilis foram relatados nos Estados Unidos em 2016. A maioria desses novos diagnósticos – 1,6 milhão – foram de clamídia.
Embora esse tipo de DST (Doença Sexualmente Transmissível) possa ser curada com antibióticos, se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode ter sérias consequências para saúde, incluindo infertilidade, gravidez ectópica, aumento no risco de transmissão de HIV e morte da criança (no caso de gravidez).
A clamídia é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. A maioria das infecções é assintomática tanto em homens quanto mulheres, mas podem se manifestar como cervicite (inflamação no colo do útero) no sexo feminino e uretrite (inflamação na uretra) em ambos. De 10% a 15% das infecções não tratadas resultam em DIP (Doença Inflamatória Pélvica).
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que ocorram cerca de 92 milhões de novos casos de infecção por clamídia anualmente em todo o mundo. Contudo, o Centros de Controle e Prevenção de Doenças estima que 2,8 milhões estejam infectados e não saibam. No Brasil, a situação não é diferente, alerta o especialista em reprodução humana Márcio Coslovsky.
— O exame da clamídia deixou de fazer parte da rotina ginecológica.
Apesar de pouco procurado, o diagnóstico da clamídia é simples, ressalta o patologista clínico, diretor do Richet Medicina & Diagnóstico e atual membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica do Rio de Janeiro, Hélio Magarinos Torres Filho.
— O exame é feito por uma técnica conhecida como PCR (Protein Chain Reation) em secreções genitais, e pode ser colhido na mesma amostra do papanicolaou em base liquida, como o HPV.
As mulheres jovens são as que mais têm clamídia, em relação a todas as infecções diagnosticadas. No Brasil, quase 10% das jovens entre 15 e 24 anos, atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), foram identificadas com a doença, de acordo com estudo realizado pelo Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
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Como em quase 80% dos casos não há sintomas, são exatamente esses especialistas que costumam encontrar o problema, afirma Coslovsky.
— A mulher chega ao consultório relatando dificuldade para engravidar e quando vamos ver já está com infertilidade do fator tubário, ou seja, incapacidade de conceber por causa de obstruções nas trompas de falópio ou dano no tubo por aderências fixa nas trompas.
As trompas têm a função de captar o óvulo liberado durante a ovulação e conduzi-lo até o útero, onde ocorre a fecundação. Quando estão obstruídas isso não acontece, alerta o médico.
— Pode ocorrer também de o óvulo ser fecundado ainda na trompa, provocando uma gravidez ectópica (tubária), que é um grande risco para a mulher.
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Quando chega neste ponto, para algumas mulheres, a única saída é o tratamento de fertilização in vitro, explica o especialista.
— O laboratório, neste caso, assume o papel das trompas, realizando a fecundação e transferindo o óvulo já fecundado para o útero.