Dengue: acordo entre farmacêutica e Butantan pode acelerar vacina
Instituto Butantan e empresa norte-americana MSD assinaram acordo de parceria nesta quarta (12); não há previsão de lançamento da nova vacina
Saúde|Deborah Giannini, do R7
O Instituto Butantan e a empresa farmacêutica norte-americana MSD assinaram nesta quarta-feira (12), em São Paulo, um acordo de parceria que pode acelerar a vacina contra a dengue que está sendo desenvolvida pelo instituto, considerado um dos principais centros de pesquisa do mundo.
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A vacina já está no final da fase 3 de ensaios clínicos, que consiste em testes em humanos. Ela deverá proteger contra os quatro tipos da doença.
Segundo o Butantan, não é possível prever quando será o lançamento da vacina já que os testes de eficácia dependem da exposição dos volutários à doença, no meio ambiente.
Com o acordo, o Butantan irá receber em torno de US$ 101 milhões (o equivalente a R$ 389 milhões) da MSD, e, em contrapartida, irá disponibilizar para a farmacêutica acesso às informações sobre os testes já em curso até que ambos cheguem a um nivelamento de seus ensaios clínicos.
Segundo o instituto, deste ponto em diante, a colaboração se dará livremente, ainda que cada um dos parceiros venha a produzir sua própria vacina. “A prevalência de tipos de dengue é diferente no Brasil e nos EUA e os estudos poderão ser complementares”, afirmou por meio de comunicado.
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“Isso prova que o Butantan atingiu um nível de excelência internacional no desenvolvimento de vacinas de interesse global. Essa é a primeira transferência com esse perfil feita entre um instituto brasileiro e uma empresa farmacêutica global no desenvolvimento de uma vacina”, afirmou Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan.
A vacina desenvolvida no Instituto Butantan protege contra os quatro subtipos do vírus da dengue com uma única dose. É feita com vírus vivo, atenuado, induzindo o organismo a produzir anticorpos. É indicada para pessoas de 2 a 59 anos.
Diferentemente da vacina que já existe contra a dengue, este novo imunizante também pode ser utilizado por quem não teve a doença anteriormente.
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A Sanofi, fabricante da vacina que já existe no mercado, divulgou que ela poderia aumentar o risco de dengue severa em pessoas que nunca haviam sido expostas à doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou esse alerta, afirmando que ela só poderia ser utilizada após testes em pessoas para que esse risco fosse esclarecido.
Assim que concluídos os testes da nova vacina do Instituto Butantan, será encaminhado um pedido de registro à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Somente após a obtenção desse registro, o imunizante poderá ser disponibilizado à população, por meio do Ministério da Saúde.
A fase 3 do estudo clínico começou em 2016 e está sendo realizada em 14 centros de pesquisa, distribuídos nas cinco regiões do país. Envolverá 17 mil voluntários.
O Brasil é um dos países mais afetados pela dengue. O maior número de casos foi registrado em 2015, com 1,6 milhão de registros da doença e 863 mortes, segundo o BNDES.
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