Doação de sangue é baixa no Brasil; 1 bolsa pode salvar 4 vidas
No Dia Nacional de Doação de Sangue, veja mitos que impedem o hábito
Saúde|Dinalva Fernandes, do R7
Doar sangue não faz parte da cultura brasileira e esse pode ser um dos principais motivos para os baixos estoques do País. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que de 3% a 5% da população seja doadora. No Brasil, a porcentagem é de apenas 1,8%. Por isso, neste sábado (25), é lembrado o Dia Nacional e Doação de Sangue, para conscientizar a população sobre este gesto que pode salvar quatro vidas com apenas uma bolsa, segundo a diretora da Fundação Pró-Sangue, Susana Lambert.
— Em São Paulo, a taxa é de 2,3%, considerando a alta complexidade no sistema de saúde do Estado, pois o consumo é alto. Essa é a porcentagem absoluta. Se alcançássemos a porcentagem da OMS, o problema estaria resolvido.
O primeiro motivo para a baixa porcentagem é a falta de histórico de doação. “Em alguns países que passaram por guerras, por exemplo, a população foi sensibilizada e, em algum momento, foi convocada a doar sangue para os demais. Sistematicamente, transfere-se essa cultura”, explica Susana.
— O brasileiro também não associa a doação de sangue com o sistema de saúde. Ele não sabe que uma cirurgia cardíaca ou de próteses, como exemplos, podem precisar de bolsas reservas de sangue. Imagina uma pessoa na espera por uma cirurgia eletiva — que não é urgente — descobrir que o procedimento foi adiado porque não tem sangue, sendo que já tão difícil conseguir cirurgias pelo sistema público de saúde.
De acordo com Susana, geralmente, as pessoas ouvem falar em doação de sangue quando algum familiar ou amigo está internado. “Não ouvimos isso nas escolas. A doação de sangue tem que entrar no nosso cotidiano como um hábito”.
O que falta para o Brasil doar mais sangue?
Mitos atrapalham
Alguns mitos atrapalham ainda mais esse quadro. Os mais famosos são: que doar sangue engorda, se doar uma vez vai ter que doar sempre ou que vai ficar com anemia. Veja mais mitos desmistificados abaixo:
- O doador não perde nem ganha peso
- O doador não corre risco de contrair doenças
- Mulheres podem doar mesmo no período menstrual
- O sangue não engrossa nem afina
- A retirada do sangue demora apenas entre cinco e oito minutos
- Doar sangue não vicia
- Homens repõem ferro em oito semanas e podem doar a cada 60 dias
- Mulheres levam 12 semanas para repor ferro e só podem doar a cada 90 dias
Ainda segundo a especialista, outras pessoas também fogem da doação por medo de agulha. “Por isso, é importante divulgar informações para conscientizar a população de que existe uma pessoa na outra ponta que precisa de sangue”.
— Uma bolsa de sangue pode ajudar pelo menos quatro vidas porque separamos os componentes deste sangue para doar apenas o que o paciente precisa, seja hemácia, plaqueta etc. E não há nada que substitua o sangue, não existe medicamento ou qualquer outro produto que possa ser colocado no lugar. “
Baixo estoque no inverno
O período mais preocupante para doação de sangue é o inverno por dois motivos: o frio e as férias escolares, período em que muita gente viaja. “A gente chegou a ter 60% de baixa nos estoques”, afirma Susana.
— Iniciamos uma campanha #450bolsas, que é a nossa meta diária de coleta. Se a marca é atingida nos nossos cinco postos, conseguimos abastecer os 100 hospitais da Grande São Paulo que atendemos. Mas, para alcançar essa meta, precisamos de, pelo menos, 600 candidatos, já que cerca de 20% não passam pela triagem, seja por algum impedimento definitivo ou temporário, como uma gripe, por exemplo. (saiba mais abaixo)
Quem tiver dúvidas pode ligar no Alô Pró-Sangue (0800 55 0300) ou entrar no site.