Endometriose: o que é, como tratar e quais os riscos
Doença pode causar dor incapacitante ou ser silenciosa; 40% das mulheres acometidas têm infertilidade, mas gravidez traz melhoras, diz ginecologista
Saúde|Brenda Marques, do R7
A endometriose é a implantação do endométrio (tecido de revestimento uterino) fora do útero. Ela pode gerar uma dor incapacitante ou ser assintomática e causa infertilidade em 40% das mulheres acometidas, de acordo com o Ministério da Saúde.
"Não se sabe [qual a causa]. Pode acontecer nas tubas uterinas, nos ovários, no intestino e até no pulmão, embora seja raro", afirma a a ginecologista e obstetra Leryane Marques Blaszkowski.
As células do tecido endometrial se estabelecem nesses órgãos e, quando estimuladas por hormônios, sangram. O processo pode ser assintomático ou dolorido. "É uma dor incapacitante, a ponto de não conseguir levantar da cama", descreve a médica.
A dor pode se manifestar no período menstrual, durante relações sexuais e ao evacuar. "A paciente pode apresentar sangue nas fezes", acrescenta.
Leia também: 'Dor da endometriose parece mão torcendo o útero', diz paciente
Qualquer mulher em idade fértil pode ter endometriose, mas a doença é mais comum entre os 30 e 40 anos de idade. "Você pode nascer com ela e não saber. Então, ela vai se manifestar depois da primeira menstruação", destaca a especialista.
Risco de infertilidade
Leryane explica que a endometriose pode causar infertilidade porque obstrui as tubas uterinas, assim, o óvulo não consegue chegar até o útero. Mas as mulheres que conseguem engravidar não necessariamente têm uma gestação de risco.
"Na realidade, a endometriose tende a diminuir na gestação por conta do hormônio gestacional e da progesterona", explica.
Leia também: Endometriose afeta 6,5 milhões de mulheres no Brasil. Entenda
O diagnóstico se dá por meio de laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo feito com anestesia geral ou por ultrassom, ressonância magnética e um exame de sangue chamado marcador tumoral CA-125, que se altera nos casos mais avançados da doença, segundo o Ministério da Saúde.
Anticoncepcional é aliado
O tratamento também é feito com cirurgia para retirada do foco da endometriose da região onde ela se desenvolveu. Leryane ressalta que a retirada do útero só acontece em último caso, quando a mulher já teve ou não quer ter filhos.
"Se a endometriose é controlada, é possível viver normalmente. Além disso, a doença tende a desaparecer na menopausa, porque os hormônios [estrógeno e progesterona] diminuem", destaca.
Anti-inflamatórios e o uso de anticoncepcionais aliviam a dor. A pílula também diminui o sangrameto, pois inibe a atividade dos ovários e retarda o crescimento do endométrio, de acordo com o Manual Merck de Diagnóstico e Terapia.
Leia também: Endometriose: 'A dor arruinou minha vida sexual'
"Existem várias formas de tratamento. É muito individual. Depende de onde está a endometriose e se a mulher tem filhos ou não", pondera a ginecologista