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Entenda o câncer de cólon que matou o astro de 'Pantera Negra'

Ator Chadwick Boseman morreu aos 43 anos por causa da doença; incidência tem aumentado em pessoas mais jovens e é maior em negros 

Saúde|Brenda Marques, do R7

Chadwick Boseman morreu de câncer de cólon aos 43 anos
Chadwick Boseman morreu de câncer de cólon aos 43 anos Chadwick Boseman morreu de câncer de cólon aos 43 anos

O ator Chadwick Boseman, estrela de Pantera Negra (2018), morreu na última sexta-feira (28), os 43 anos, por causa de um câncer de cólon. Ele foi diagnosticado em 2016.

O astro, que protagonizou o primeiro filme com um super-heroi negro da Marvel, chegou a aceitar outros papéis enquanto estava doente e nunca falou publicamente sobre o assunto.

"O câncer colorretal é uma doença bastante frequente. Ela compromete a região do intestino grosso [cólon] e do reto [final do intestino, antes do ânus]", explica o oncologista Artur Rodrigues Ferreira, do CPO (Centro Paulista de Oncologia)/Oncoclínicas). Ele acrescenta que existem diferenças entre os tumores que atingem o cólon e o reto, mas ambos são estudados em conjunto.

Este é o terceiro tipo de câncer mais comum em homens, e o segundo em mulheres, com exceção do câncer de pele não melanoma. São estimados 40.990 novos casos em 2020 - 20.520 em pessoas do sexo masculino e 20.470 em pessoas do sexo feminino. Neste ano, a incidência deste tumor deve ultrapassar a do câncer de pulmão (17.760). Os dados são do INCA (Instituto Nacional do Câncer).

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Ainda de acordo com o instituto, o câncer colrretal foi a terceira causa de morte por câncer no Brasil em 2018. Nos Estados Unidos, ele está em segundo lugar, segundo relatório da American Cancer Society. Apesar disso, é frequentemente curável.

Leia também: Chadwick Boseman deu pista sobre doença em entrevista de 2017

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"É um câncer mais comum em pacientes acima dos 50 anos, mas há aumento [de casos] em pacientes mais jovens, embora os números absolutos sejam pequenos", destaca Rodrigues.

Ele cita estatísticas de uma pesquisa publicada em 2015 na revista científica JAMA Surgery: até 2030, a taxa de incidência aumentará em 90% (colón) e 124% (reto) para pacientes de 20 a 34 anos e em 27,7% (cólon) e 46% (reto) para pacientes de 35 a 49 anos.

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Negros são mais atingidos

Além da idade, o sobrepeso, a obesidade e um estilo de vida não saudável - o que inclui sedentarismo e alimentação inadequada - são fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer colorretal. "Dietas ricas em carne vermelha e processadas [salsisha, linguiça, bacon], consumo excessivo de álcool, tabagismo e o diabetes aumentam o risco", ressalta o especialista.

Quem tem doenças inflamatórias do intestino ou hereditárias - como Síndrome de Lynch e polipose adenomatosa familiar (FAP) - também deve ficar atento. "Essas síndromes se relacionam ao surgimento de tumores no intestino", completa.

Ainda segundo o relatório da American Cancer Society, negros são mais atingidos pelo câncer colorretal. De 2012 a 2016, a taxa de novos casos em negros não hispânicos foi de 45,7 por 100.000, cerca de 20% maior do que a taxa entre brancos não hispânicos.

"Os dados aqui são menos categóricos. Mas a população negra está associada ao maior risco. Não há evidências precisas se por razões biológicas ou devido ao menor acesso a serviços de saúde e rastreamento por questões socioeconômicas", pondera Rodrigues.

Tumor pode não dar sintomas

O oncologista afirma também que este tipo de câncer pode ser silencioso ou ter sintomas variáveis. "Podem ser [pacientes] assintomáticos e descobrirem durante uma tomografia de abdome feita por outra causa", exemplifica.

"Há sintomas inespecíficos, como fraqueza, mal-estar e mudança de hábito intestinal, com diarreia e constipação [intestino preso], ou sintomas mais graves, como sangue nas fezes, anemia sem causa aparente, obstrução e perfuração intestinal, por conta do crescimento do tumor", descreve.

Leia também: Erro de diagnóstico leva a avanço de câncer colorretal abaixo dos 50 anos

Rodrigues enfatiza que o rastreamento - ou seja, a avaliação para identificar uma doença que ainda não se manifestou - é muito importante para o diagnóstico precoce. "O rastreio deve ser feito a partir dos 50 anos. Iniciativas mais recentes recomedam indicam aos 45 anos. Mas pessoas com mais risco [que têm as doenças inflamatórias e hereditárias já citadas] devem começar antes".

Motivo de constrangimento

O oncologista explica que o diagnóstico se inicia, principalmente, por meio de um exame chamado colonoscopia. "É um exame extremamente importante para a detecção precoce e prevenção, pois ele permite identificar e remover pólipos [lesões benignas que crescem na parede interna do intestino e podem se transformar em câncer", detalha.

Ele destaca que esse método de diagnóstico é um dos motivos pelos quais existe um constrangimento em relação ao câncer colorretal. "Principalmente na população masculina, há um desconforto ao se submeter a esse exame", observa. 

Leia também: Câncer colorretal cresce no país, embora exista exame preventivo

Isso acontece porque o aparelho usado durante o exame é introduzido no paciente pelo ânus. De acordo com Rodrigues, o instrumento tem uma câmera em sua extremidade, que permite avaliar toda a parede interna do intestino grosso e do reto. "Quanto mais tarde o diagnóstico, maior o risco de falecer, porque a chance de cura acaba diminuindo", lembra o médico.

Somente a biópsia, feita em um pequeno tecido retirado da lesão, é capaz de diferenciar um tuor benigno do câncer de colorretal.

Já o exoma é um teste diagnóstico capaz de identificar sindromes genéticas associadas a este câncer. "Se o paciente tem [a síndrome], ele deve ser colocado em acompanhamento rotineiro".

Diferentes tratamentos

O tratamento é feito de maneiras distintas. Depende do estágio em que se encontra o câncer e se está localizado no cólon ou no reto. Rodrigues afirma que no estágio um, em que a doença é precoce e limitada, é possível remover o tumor até mesmo por meio da colonoscopia.

Já nos estágios 2 e 3 - quando Chadwick Boseman foi diagnosticado - é preciso fazer cirurgia para a remoção do câncer e de áreas afetadas e quimioterapia. "Já no câncer de reto, o paciente recebe radioterapia antes da cirurgia para tentar diminuir o tumor e, após a operação, faz quimio", compara Rodrigues.

O câncer do ator já estava em estágio 4 quando ele faleceu, o que indica que houve metástase, quando o câncer se espalha para outros órgãos. Nesse caso, o tratamento habitual é a quimioterapia.

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