Tendências suicidas podem estar ligadas a uma desordem na tireoide, de acordo com estudo divulgado na revista Archives of Clinical Psychiatry, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
A pesquisa, realizada no Instituto de Saúde Mental de Punjab e no Centro de Medicina Nuclear do Mayo Hospital em Lahore, ambos no Paquistão, comparou pacientes com pensamentos suicidas e pacientes sem esses pensamentos e concluiu que, aqueles que haviam tentado ou pensado em suicídio apresentavam problemas na glândula.
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Foram analisados 54 pacientes psiquiátricos com pensamentos suicidas, sendo 21 mulheres e 33 homens, e 50 pacientes psiquiátricos sem histórico de pensamentos ou tentativas suicidas, sendo 22 mulheres e 28 homens, ambos os grupos com idade entre 15 e 55 anos. Grávidas, cardíacos e pessoas que fazem tratamento de tireoide ou foram submetidas à cirurgia da glândula foram excluídas do teste.
De acordo com o estudo, foram avaliados os níveis dos hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3), produzidos pela tireoide, e o hormônio tiroestimulante (TSH), produzido pela hipófise, no sangue dos pacientes.
Entre o grupo de pacientes suicidas, os níveis do hormônio T3 se apresentaram altamente reduzidos, especialmente em mulheres. Esse grupo apresentou resultados de dois participantes – um homem e uma mulher - com disfunção tireoidiana grave, apontando a possibilidade de que, antes de tentarem o suicídio, essas pessoas teriam seus hormônios tireoidianos desregulados. Tais resultados se mostraram extremamente relevantes para o levantamento dessa questão.
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, abaixo das cordas vocais, na laringe. Ela possui formato similar ao de uma borboleta e é responsável por produzir os hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), responsáveis por regular o metabolismo.
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A tireoide é controlada pela hipófise, glândula localizada no cérebro. A hipófise produz o hormônio tiroestimulante (TSH), que faz com que a tireoide produza os hormônios T3 e T4.
A deficiência na tireoide pode causar duas condições: o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. O hipotireoidismo apresenta baixa quantidade do hormônio T4 e alta dosagem de TSH. No caso de hipotireoidismo por doença de Hashimoto, anticorpos atacam a glândula, afetando o seu funcionamento.
Já o hipertireoidismo se caracteriza pela alta produção dos hormônios T3 e T4 pela glândula da tireoide. Ambas as condições possuem tratamento disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Níveis de T3 altamente reduzidos, que foram relacionados a tendências suicidas, não são característicos desses problemas.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini
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