Excesso de cesáreas força nascimentos prematuros e prejudica saúde dos bebês no Brasil
Parto ocorre em fase antecipada e aumenta risco de mortalidade, segundo estudo da Unicef
Saúde|Do R7
A grande quantidade de partos por cesariana (ou cesárea) no Brasil tem ocorrido em uma idade gestacional precoce e causado sérios prejuízos à saúde dos bebês. Este tipo de parto é feito por cirurgia, com a abertura do útero para a retirada do bebê. De acordo com dados da Unicef, baseada na pesquisa Nascer no Brasil, de 2012, 35% dos bebês analisados nasceram entre as 37ª e 38ª semanas de gestação, uma fase que tecnicamente não é considerada prematura.
No entanto, na prática, pode-se dizer que se trata de um nascimento ocorrido semanas antes do indicado, que em geral é durante o trabalho de parto espontâneo. Isto porque os bebês nascem aparentemente saudáveis, mas são internados com mais frequência em UTIs neonatais, com problemas respiratórios, déficit de crescimento e maior risco de mortalidade, de acordo com o informe.
A situação no Brasil impulsinou a Unicef a criar e lançar nesta quarta-feira (19) em todo o Brasil a campanha o campanha Quem Espera, Espera, que tem como objetivo aumentar os partos espontâneos no País. O objetivo é dar visibilidade ao tema e sensibilizar os brasileiros, especialmente mulheres e suas famílias, sobre a importância de esperar o trabalho de parto espontâneo.
Últimas semanas são essenciais ao bebê
Baseado em dados do The American College of Obstetrician and Gynecologists, o estudo da Unicef afirma que as últimas semanas de gestação permitem maior ganho de peso, maturidade cerebral e pulmonar do recém-nascido.
De acordo com Cristina Albuquerque, Chefe da Área de Saúde e Desenvolvimento Infantil do Unicef no Brasil, esperar o nascimento espontâneo do bebê é saudável tanto para a mãe, quanto para o filho. “Há há liberação de substâncias que ajudam no amadurecimento final do organismo da criança”.
— No corpo da mãe há liberação de hormônios importantes que vão preparar o corpo dela para a amamentação.
Por outro lado, estudos recentes mostram que crianças que nascem por cesariana têm mais propensão a desenvolver asmas, problemas alérgicos, obesidade, diabetes, asmas.
O grande número de bebês nascidos entre as 37ª e 38ª semanas de gravidez foi associdado à alta quantidade de cesáreas que ocorrem neste período precoce. Isto acabou se tornando um hábito no Brasil, particularmente no setor privado.
Pesquisa liga nascimento por cesárea a aumento de risco de obesidade
Epidemia de cesárea
O Brasil ainda é o segundo colocado no mundo no percentual de cesáreas. Na rede pública, elas representam 40% dos partos. Na rede particular chegam a 84% dos partos. A média geral brasileira é de 57% dos partos sendo realizados por cesárea, quando o recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de que esta proporção não passe de 15%.
Em relação ao número de nascimentos oficialmente definidos como prematuros no Brasil, a quantidade ainda é grande. Em 2014, segundo levantamento do Sinasc (Sistema de Informações de Nascidos Vivos, do SUS), 332.992 bebês nasceram antes da 37ª semana, o que corresponde a 11,2% do total de nascimentos no País. A porcentagem é considerada alta pela Unicef.