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Famílias comemoram decisão do governo de reclassificar de medicamento derivado da maconha

Anvisa tirou o CBD da lista de remédios proibidos no País

Saúde|Bruno Lima, do R7, em Brasília

Os pais de Anny Fischer
acreditam que o acesso ao canabidiol será facilitado
Os pais de Anny Fischer acreditam que o acesso ao canabidiol será facilitado

Os familiares de pacientes que utilizam o CBD (canabidiol ), medicamento derivado da maconha, comemoraram a decisão tomada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quarta-feira (14) de reclassificar a substância na lista de produtos registrados.

O assunto teve repercussão nacional a partir da divulgação de um documentário que mostra a história de um casal de Brasília (DF) que importava de forma ilegal o medicamento dos EUA. Eles usam o CBD para o tratamento da filha Anny, de seis anos, portadora da síndrome CDKL5. O casal conseguiu autorização da Anvisa para comprar o remédio.

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O pai de Anny, Norberto Fischer, avalia que, a partir desta normativa, o canabidiol será mais acessível e facilitará a utilização do medicamento por pacientes portadores de síndromes raras e doenças graves. Fischer afirmou que a mudança no posicionamento da agência foi um processo rápido. A primeira decisão judicial para que ele importasse o produto saiu em abril de 2014.

— O fato de uma agência do governo estar reconhecendo que o extrato da cannabis é positivo para o uso medicinal é sem precedentes na história.


A mãe de Anny, Katiele Fischer, destacou que a o posicionamento da Anvisa é um avanço na legislação que trata de medicamentos prescritos no País. No entanto, ela afirmou que ainda há muito a ser conquistado pelas famílias que utilizam o CBD.

— Eu estou muito feliz. Eu acho que foi um "passinho" dado. Tem um caminho longo a ser trilhado ainda. É uma coisa que nós só temos acesso pela importação. É caro. Muitas pessoas que precisam ainda não têm acesso, mas o caminho pra conseguir isso está sendo traçado.


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Katiele revelou que Anny voltou a ter crises quando parou de tomar o CBD durante um curto período no final do ano passado, depois que o medicamento ficou retido na alfândega. Ela só conseguiu pegar o medicamento após uma decisão liminar na Justiça. Katiel disse estar aliviada e mais segura de trazer o medicamento. 

— Não é mais uma substância proibida e isso dá um alívio muito grande, a sensação de se fazer algo errado é muito ruim.

Durante a reunião da Anvisa que decidiu pela flexibilização da importação do remédio, Katiele fez uma sustentação oral e pediu para os presentes votarem com consciência. Ela se emocionou durante o discurso, Katiele destacou os avanços apresentados no quadro clínico de Anny após a utilização do canabidiol.

Em dezembro do ano passado, o CFM (Conselho Federal de Medicina) autorizou médicos a prescreverem o medicamento para o tratamento de crianças e adolescentes com epilepsia. No entanto, de acordo com o parecer do órgão, apenas neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras podem prescrever a substância.

Valdir Francisco Vaz mora em Uberaba (MG) e veio a Brasília para acompanhar a reunião da Anvisa. O filho de Valdir, Lorenzo, de nove anos, tem epilepsia refratária e utiliza o CBD. Ele avalia que a resolução do CFM foi limitada por estabelecer uma idade limite para os pacientes que podem usar a substância e torce para que a norma seja revista.

— O CFM liberou a prescrição até 18 anos e eu acho que isso foi um equívoco. Mas hoje, com a reclassificação, as pessoas maiores de idade também vão ter acesso ao canabidiol.

O presidente da Ama-me (Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal), Júlio Américo, definiu a reclassificação como um marco na história da medicina brasileira. O filho de Américo, Pedro, 5 anos, é portados de encefalopatia grave. Para Américo, o próximo passo a ser dado é a regularização de outros produtos derivados da maconha.

— Hoje, a gente começou uma luta com as pessoas que têm epilepsia refratária e a gente vê que o leque é bem maior. São diversas patologias. As pessoas que têm mal de Parkinson, Alzheimer, Câncer, por exemplo, que, para diminuir os sintomas da quimioterapia, precisam não só de canabidiol, mas, também, de THC.

O THC (tetrahidrocanabidiol) é uma substância presente na maconha responsável pelos efeitos alucinógenos da planta. 

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