Gravidez na adolescência afeta saúde física e mental de jovens
Especialistas afirmam que danos vão desde a saúde mental da gestante, à nutrição da jovem e do feto, e inserção no mercado de trabalho no futuro
Saúde|Giovanna Borielo, do R7*
![Gravidez precoce modifica saúde e realidade socioeconômica da adolescente](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/NKVWMLMQUBPJLGAOO55AS7ZGJ4.jpg?auth=52f62b8df45ca643482757224d3c82170827ba88e2eb7b16f925fd546a703fc3&width=660&height=360)
A adolescência, período que compreende as idades entre os 10 e 19 anos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é um estágio da vida em que o corpo passa por inúmeras transições, sejam elas hormonais, psicológicas e anatômicas. Nesta Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, especialistas ouvidos pelo R7 alertam sobre o impacto da gravidez precoce em um corpo e mente em formação.
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De acordo com a pediatra Evelyn Eisenstein, membro do Departamento Científico de Adolescência da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), as jovens nessa idade passam por situações de vulnerabilidade quanto à saúde mental e emocional, acompanhamento médico, suporte familiar e, para adolescentes abaixo dos 15 anos. A situação fica ainda mais complicada, pois essas jovens estão em fase de crescimento, podendo ter alguma deficiência nutricional durante a gestação, já que competiriam com o feto pelo aproveitamento desses nutrientes.
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Evelyn ressalta que, com essas mudanças, há ainda a possibilidade de desenvolver casos graves de anemia, diabetes gestacional, pré-eclampsia (hipertensão durante a gravidez). Entre outros problemas que esse contato sexual, que pode ou não resultar uma gestação, existe a possibilidade de infecção por IST's (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Segundo a ginecologista Ana Carolina Pereira, membro da FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), o útero dessa adolescente ainda não está completamente formado até os 18 anos de idade, não estando totalmente maduro para receber um embrião.
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Um dos principais problemas apontados por ambas as especialistas é o apoio que essa jovem receberá, tanto de sua família, quanto do pai da criança. "É importante lembrar que aquela adolescente não engravidou sozinha. Ela foi engravidada. A gravidez na adolescência deve ser prevenida também por parte do garoto nessa idade, ou pelo homem mais velho que engravidou essa menina", afirma Evelyn.
A pediatra ressalta que grande parte das gestações durante a adolescência são resultado de relações com homens mais velhos ou por conta de violência sexual, muitas vezes praticadas por familiares daquela adolescente.
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Evelyn fala, ainda, que, de acordo com o artigo 217 do Decreto de Lei 2848/40 do Código Penal Brasileiro, a relação sexual com menores de 14 anos é considerada como estupro de vulnerável, com pena de reclusão de oito a 15 anos.
"A falta de maturidade dos jovens para lidar com uma gravidez precoce pode trazer problemas como a depressão pós-parto e até a rejeição daquela criança que foi gerada, podendo não ter um vínculo com os pais biológicos, e ser deixada para ser cuidada pelos avós", afirma a ginecologista.
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Outra preocupação da ginecologista é que, nessa idade, a jovem é mais sujeita a tentar um aborto, colocando em risco a própria vida, já que, com a desregularização da prática no país, a procura por uma clínica clandestina submete essas mulheres a procedimentos e materiais sem segurança para o organismo.
A pediatra afirma que, com essa gravidez precoce, há também uma exclusão dessa jovem, que deixa os estudos e apresenta grande dificuldade de inserção social e no mercado de trabalho, resultando um desequilíbrio socioeconômico na vida dessas jovens.
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Para ambas as especialistas, o principal meio de prevenção se dá pelo diálogo. "As famílias não podem encarar a sexualidade como tabu, e é necessário maior investimento em educação sexual e mais campanhas de prevenção", afirma a pediatra.
As especialistas afirmam que, entre os métodos contraceptivos mais aconselhados estão o uso de preservativo, que evita a gravidez precoce e a infecção por doenças, e a pílula contraceptiva. Para esse uso, a adolescente deve conversar com seu pediatra e com a ginecologista, que deve ser consultada a partir da primeira menstruação.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Ingrid Alfaya
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