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Meningite: entenda as recomendações das vacinas disponíveis na rede particular

Após os casos recentes da doença em São Paulo, especialistas esclarecem que o imunizante pode ser aplicado em qualquer idade a partir dos 3 meses

Saúde|

Meningocócica ACWY pode ser aplicada em qualquer idade a partir dos 3 meses
Meningocócica ACWY pode ser aplicada em qualquer idade a partir dos 3 meses Meningocócica ACWY pode ser aplicada em qualquer idade a partir dos 3 meses

Embora as crianças e os adolescentes permaneçam sendo o principal público-alvo de campanhas de vacinação contra a meningite, diante dos casos da doença em São Paulo, outros grupos também devem ficar atentos à importância da imunização.

A grande preocupação, segundo especialistas, é que a meningite meningocócica pode ter evolução muito rápida para a forma grave da doença. Em razão de maiores riscos de infecções, é fundamental que os pacientes imunocomprometidos também procurem se vacinar contra a doença.

A meningocócica ACWY pode ser aplicada em qualquer idade a partir dos 3 meses. No caso dos idosos, a restrição de idade é para a aplicação da meningocócica B.

Para Ana Paula Moschione Castro, doutora em pediatria, especialista em alergia e imunologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e diretora da Clínica Croce, a vacina conjugada contra a meningite meningocócica, ACWY, é a de maior custo-benefício.

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"Ela pode ser aplicada a partir dos 3 meses de vida, e não há limite de idade na fase adulta. Além do calendário vacinal de crianças e adolescentes, os adultos também devem ter pelo menos uma dose na vida adulta, especialmente aqueles que nunca se vacinaram. Já no caso da meningocócica B, essa vacina é dada na infância e está liberada também para adultos de até 50 anos de idade", afirma ela.

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Fernanda Gomes, enfermeira e diretora da ABCVAC (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas), destaca que os pacientes imunocomprometidos devem ser imunizados.

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"Todos os que tiverem interesse (e não estão cobertos pela rede pública) podem procurar a rede privada para tomar a vacina. A imunização contra a meningite é recomendada a partir dos 3 meses de vida até adultos. Não há contraindicação para imunocomprometidos", reforçou ela.

Cláudia Cavalcante Valente, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) diz que, "no Brasil, há vacinas licenciadas contra a meningite meningocócica ACWY, por exemplo, que não têm limite de idade, mesmo idosos podem receber. Também não há problema quanto à alteração da imunidade, pois as vacinas contra doenças meningocócicas são inativadas".

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E acrescenta: "Mesmo pessoas realizando tratamento contra câncer ou imunodeprimidas podem e devem receber a vacina. Pessoas que costumam viajar também devem ser imunizadas".

Os especialistas recomendam seguir a orientação médica e buscar informação sobre as imunizações que cada um pode receber.

O que é meningite?

A meningite meningocócica é transmitida por um grupo de bactérias chamadas meningococos e provoca inflamação na meninge, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. As infecções podem ser causadas por vários tipos de microrganismo, como fungos, vírus e bactérias.

A transmissão se dá por meio das vias respiratórias, ou seja, pelo ar. A doença pode deixar sequelas neurológicas, auditivas e dores crônicas.

No Brasil, a meningite mais comum é do tipo C (que envolve 80% dos casos), seguida da do tipo B. Os tipos A, W e Y são menos frequentes. As vacinas são consideradas a melhor forma de prevenção contra a meningite e são específicas para cada sorogrupo.

Meningocócica C versus meningocócica ACWY

Na rede privada, a vacina que inclui o tipo C é a conjugada quadrivalente ACWY, ao custo médio de R$ 360 por aplicação. Geralmente, é administrada em três doses até 1 ano de idade, dependendo da marca do fabricante.

Também é recomendado um reforço entre os 5 e os 6 anos, e outra dose aos 11 anos. A ACWY pode ainda ser aplicada em adultos, idosos e pessoas imunocomprometidas.

Na rede pública, a vacina contra a meningocócica C (conjugada) é administrada em duas doses, aos 3 e aos 5 meses de vida, e um reforço, preferencialmente aos 12 meses de idade.

Conforme a extensão de público-alvo, caso a criança de até 10 anos não tenha se vacinado, deve tomar uma dose do imunizante. Até fevereiro de 2023, trabalhadores da saúde também receberão a vacina pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Já a vacina meningocócica ACWY está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes entre 11 e 12 anos, mas, até junho de 2023, quem tem entre 13 e 14 anos também poderá receber a dose. Em crianças menores, a meningocócica ACWY não está disponível na rede pública.

"São vacinas que estão no calendário da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. Infelizmente, o adolescente e o adulto não têm o hábito de se vacinar. Mas, em qualquer momento da vida, a pessoa pode se imunizar contra a doença", orienta Fernanda.

Meningocócica B

Embora esteja atrás somente do tipo C em número de casos, em média 20%, a meningocócica B está disponível apenas na rede particular. Ela custa, em média, R$ 600 e é administrada em três doses, entre 3 meses e 1 ano de idade.

A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) também indica a imunização a grupos de alto risco, como portadores de HIV. Pode ser aplicada em adultos de até 50 anos.

Outras vacinas

Proteção contra a pneumonia e também contra a meningite, a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13) está disponível na rede privada. Ela custa em torno de R$ 280. Geralmente, é administrada em quatro doses, até 1 ano e 3 meses de idade, dependendo da marca do fabricante.

Na rede pública, as crianças nessa mesma faixa etária recebem a pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10).

No SUS, a vacina que protege contra 13 sorotipos de pneumococos está disponível somente para pessoas com idade a partir de 5 anos, incluindo adultos nas seguintes condições: com HIV/Aids; pacientes oncológicos; transplantados de órgãos sólidos; e transplantados de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea).

A vacina conjugada contra a Haemophilus influenzae tipo b (Hib) está disponível nas redes particular e pública. A proteção contra a meningite provocada por essa bactéria pode ser aplicada individualmente, mas o comum é que seja administrada pela vacina hexavalente, que também protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e poliomielite, ou pela pentavalente, que protege contra as mesmas doenças exceto a polio.

Geralmente, a vacina Hib é aplicada em crianças de até 5 anos. Na rede particular, são quatro doses, entre 2 meses e 1 ano e 6 meses de idade.

No SUS, está disponível em três doses: aos 2, aos 4 e aos 6 meses de idade. Pessoas com doenças que comprometem a imunidade ou a função do baço (órgão que tem papel fundamental na proteção contra essa bactéria), ou aquelas que tenham retirado cirurgicamente esse órgão, devem tomar a vacina. O imunizante custa cerca de R$ 150.

O preço da pentavalente e da hexavalente fica em torno de R$ 250 cada uma.

Na rede privada, a vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) é indicada a crianças acima de 2 anos, adolescentes e adultos que tenham algum problema de saúde que aumente o risco para doença pneumocócica (diabetes, doenças cardíacas e respiratórias graves, pessoa sem o baço ou com o funcionamento comprometido do órgão, por exemplo), além de pessoas a partir de 60 anos, como rotina.

Não é recomendada como aplicação de rotina em crianças, adolescentes e adultos saudáveis. O preço dela está em torno de R$ 200. No SUS, a vacina está disponível a toda a população indígena acima de 5 anos de idade, sem comprovação da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10).

Para a população a partir de 60 anos de idade, a revacinação é indicada uma única vez, devendo ser realizada cinco anos após a dose inicial.

Além das vacinas descritas acima, ao nascer, toda criança toma uma dose única da vacina BCG, que protege contra a meningite turberculosa. A imunização impede que o bacilo de Koch, bactéria responsável pela tuberculose, instale-se nas meninges. É dada na rede pública e também na maternidade, gratuitamente.

Em momentos em que a BCG está em falta e é recomendada a aplicação na saída do hospital, ela pode ser aplicada na rede pública ou na particular. O custo na rede privada é em torno de R$ 130.

Bloqueio vacinal para conter surto da doença na zona leste

Após ter imunizado 30 mil pessoas, a SMS (Secretaria Municipal da Saúde) concluiu o bloqueio vacinal contra a meningite meningocócica nos distritos de Vila Formosa e Aricanduva, na zona leste de São Paulo, onde houve um surto localizado da doença.

Entre 17 de setembro e terça-feira (10) foram vacinadas na região 30.027 pessoas, sendo os adolescentes de 11 a 14 anos de idade com o imunizante meningo ACWY e os demais, nas faixas etárias de três meses a dez anos e de 15 a 64 anos, com o meningo C.

Do início deste ano até terça-feira (11), foram registrados 58 casos de doença meningocócica na capital, enquanto, de janeiro a setembro de 2019, houve 158 casos. Até o momento, o número de óbitos soma dez em 2022, ante 28 entre janeiro e setembro de 2019.

Vale lembrar que apenas em situações excepcionais, como a do surto localizado que ocorreu nos distritos da Vila Formosa e Aricanduva, os imunizantes são aplicados em adultos na rede pública.

A exceção são profissionais de saúde, que podem ser vacinados mediante comprovante de vínculo empregatício em serviço de saúde do município de São Paulo. A vacinação desses profissionais está liberada até fevereiro de 2023.

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