Autoridades de saúde de todo o país reforçaram o combate ao mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya. Nessa luta, a tecnologia e a ciência são grandes aliadas.Uma das estratégias é o método Wolbachia, que consiste na infecção de mosquitos com a bactéria Wolbachia, tornando-os incapazes de transmitir essas doenças.No Distrito Federal, o levedo de cerveja auxilia na fabricação de armadilhas conhecidas como ovitrampas, que simulam criadouros e permitem a coleta de ovos.Outra frente de combate é a vacinação de adolescentes de 10 a 14 anos com o imunizante contra a dengue Qdenga, disponível gratuitamente. A vacina brasileira Butantan-DV, produzida pelo Instituto Butantan, aguarda a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).No entanto, as autoridades destacam que a colaboração da comunidade é essencial para controlar as infecções, já que a principal forma de combate ao mosquito ainda é a localização e eliminação de focos de água parada, que são locais de reprodução do Aedes aegypti.Segundo dados do Ministério da Saúde, 75% dos focos estão próximos às nossas casas (veja abaixo mais dicas sobre a prevenção).Em coletiva de imprensa para o lançamento do Centro de Operações de Emergência em Saúde, a ministra Nísia Trindade afirmou que os eixos do plano do governo priorizam a prevenção.“Seguimos a lógica de que ‘prevenir é sempre melhor do que remediar’, o que inclui medidas simples que cada cidadão pode adotar, como dedicar ao menos 10 minutos semanais para eliminar possíveis focos do mosquito em casa e nas proximidades”, disse a ministra.Até o dia 17 de janeiro, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 57.879 casos prováveis e 5 óbitos por dengue. Outras 69 mortes estão em investigação.O método faz parte das ações do “Eixo 3 - Controle Vetorial” do plano de ação para redução dos impactos das arboviroses. O mosquito infectado com a bactéria Wolbachia, conhecidos como “wolbitos”, se torna incapaz de transmitir dengue, zika e chikungunya.A bactéria é encontrada em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti. Quando introduzida nesse mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, formando gradualmente uma nova “população” de mosquitos, todos portadores da bactéria.Com o tempo, a proporção de mosquitos que contêm Wolbachia aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo.A bactéria não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.Niterói (RJ) foi a primeira cidade brasileira a ter 100% do território coberto pelo método e vem apresentando redução nos números da doença.Em 2021, quando a cidade tinha 75% do território coberto, o método indicou uma redução de 69,4% nos casos de dengue, 56,3% nos casos de chikungunya, e 37% nos casos de Zika.Atualmente, o método está presente em 11 cidades brasileiras:O plano do Ministério da Saúde é ampliar a presença dos mosquitos para mais 40 municípios até o final do ano.As armadilhas são compostas por um pote preto com água e levedo de cerveja, além de um pequeno pedaço de placa de fibra de madeira (o material das pranchetas). É nessa placa — chamada de paleta — que os mosquitos depositam seus ovos.Embora as armadilhas pareçam um criadouro de mosquitos, elas são seguras, pois recebem inseticida para impedir o desenvolvimento de larvas.Segundo o biólogo da Subsecretaria de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Israel Moreira, as estruturas permitem que os agentes detectem baixas infestações nas cidades.“Esse tipo de armadilha, diferentemente da coleta de larvas do mosquito, é bastante sensível. Ou seja, permite detectar baixas infestações nas cidades. Na estação seca, por exemplo, enquanto o agente de vigilância tem certa dificuldade em encontrar larvas, as armadilhas conseguem apontar a presença de mosquitos adultos”, explica Moreira.As armadilhas permitem verificar onde há maior presença de mosquitos na cidade. A quantidade de ovos coletados é utilizada para criar mapas que indicam as áreas mais infestadas, onde as ações de prevenção e controle são realizadas com maior prioridade.A vacina contra a dengue entrou no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez em fevereiro de 2024. Em virtude da capacidade de produção laboratorial, a primeira campanha de vacinação atendeu 521 municípios, distribuídos em 37 regiões de saúde do país.O Ministério da Saúde também adquiriu 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2025. Segundo o ministério, as doses ainda não estão disponíveis em larga escala devido à limitação de produção do laboratório fabricante.Assim, a eliminação dos focos do mosquito continua sendo a principal estratégia.Em 2024, foram enviadas 6,3 milhões de doses para os estados e o Distrito Federal. Dessas, 3,14 milhões já foram aplicadas.“Nós já fizemos a compra de todo o estoque da empresa, 9,5 milhões de doses para 2025. Estamos trabalhando com estados e municípios para ampliação, porque temos em torno de três milhões de doses que estão nos estados e municípios e ainda não foram administradas”, afirmou a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, em coletiva de imprensa.Ações importantes no dia a dia:Medidas adicionais de prevenção: