Em outubro de 2020, uma britânica foi diagnosticada com câncer de mama; na época, tinha 27 anos. Ela chegou a ouvir de médicos que era "jovem demais" para ter a doença.
Em meados de setembro de 2020, Melissa Fisher sentiu um caroço do tamanho de uma bola de golfe no seio direito durante o banho e, imediatamente, entrou em contato com um clínico geral.
Mesmo sem uma aparente preocupação durante a consulta, o profissional a atendeu e a encaminhou para um ultrassom e biópsia no Hospital Queen Alexandra, em Portsmouth. No entanto, o médico afirmou que "definitivamente não era câncer" e alegou que ela não deveria se preocupar.
"Ele praticamente me disse: 'Você não precisa se preocupar com câncer, você é muito jovem, nós só precisamos verificar para estar do lado seguro'", disse Fisher ao portal de notícias Mail Online.
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No entanto, em outubro daquele ano, os exames confirmaram que ela tinha carcinoma ductal — no duto de leite — invasivo, em estágio inicial, grau 3, considerado o mais agressivo, e positivo para HER2+ (proteína que estimula o câncer a crescer mais rapidamente).
"Lembro-me de explodir em lágrimas. Acho que a primeira coisa que saiu da minha boca foi: 'Eu vou morrer, minha filha vai crescer sem mãe'. Eu não estava esperando a notícia que recebi, porque todo mundo ficava me dizendo: 'Oh, você vai ficar bem, você é jovem'", contou Melissa.
Para ela, os médicos não deveriam ter autorização para dizer se uma pessoa está ou não com câncer sem ter o diagnóstico em mãos, por ser uma informação delicada e que afeta emocionalmente os pacientes.
"Uma das coisas que realmente me frustram é que as pessoas dizem que somos muito jovens, não precisamos nos alarmar, mas, na realidade, o câncer pode atingir qualquer pessoa em qualquer idade", alertou.
Apesar de tudo, Melissa considera que teve sorte por ter sido atendida tão rápido por seu médico e por ele ter apoiado a realização dos exames, pois isso impediu que o tumor se tornasse intratável.
Em novembro, a jovem fez uma mastectomia para remover o tumor e uma biópsia do linfonodo sentinela — o primeiro que recebe a drenagem linfática do câncer de mama — para verificar se a doença não havia se espalhado para os gânglios linfáticos.
Antes de iniciar a quimioterapia, Melissa se submeteu a um procedimento para a preservação da fertilidade, que consiste na reserva de determinado número de óvulos, pois o tratamento contra o câncer poderia comprometê-los.
No fim de dezembro, a jovem começou a quimioterapia. Em abril de 2021, concluiu as seis sessões previstas no tratamento e, logo depois, fez duas semanas de radioterapia, além de seguir com a injeção contra a proteína HER2 até agosto do mesmo ano.
Diante de todos os procedimentos realizados, Melissa não se esquece dos desafios internos que teve de lidar depois da surpresa do diagnóstico.
"Eu sofri a pior ansiedade quando estava passando pelo tratamento. Eu não podia sair de casa nem mesmo levar minha filha ao parque sozinha. Eu me sentia assustada e ansiosa e muito doente para fazer qualquer coisa", relatou Fisher.
A autoestima da jovem também ficou fragilizada durante o tratamento, pois "perder o cabelo foi uma das partes mais difíceis para mim. Ele era minha coroa, minha parte favorita de mim, e sei que parece estúpido, mas obviamente perdê-lo é como perder completamente a identidade".
Hoje, Fisher faz exames mensais na mama e utiliza o Instagram para lembrar sua família e amigos de fazer o mesmo, principalmente se os médicos não levarem os sintomas iniciais a sério.
"Agora sou apaixonada por tentar espalhar a conscientização, especialmente para mulheres jovens, porque há tantas que são enganadas — seja por câncer de mama ou qualquer tipo de tumor", diz Melissa.
O primeiro passo para uma nova vida foi casar-se com o então namorado Ashley, de 29 anos, logo após a remissão da doença. "Eu me casei depois do tratamento para mostrar que você pode viver a vida novamente e ser feliz."
Em resposta às alegações da britânica, o porta-voz responsável pelas unidades de saúde da região de Portsmouth, pertencentes aos Serviços Nacionais de Saúde da Inglaterra e do País de Gales, deu o parecer da instituição.
"Embora não possamos comentar casos de pacientes individuais, podemos garantir às pessoas que, quando os pacientes são encaminhados ao nosso hospital com sintomas de câncer de mama, eles são investigados minuciosamente para estabelecer um diagnóstico."
Só tem câncer de mama quem já teve caso na família? Mitos e verdades
![Traumas (batidas) na mama podem ter relação com o aparecimento do câncer. Mito. Bater a mama não causa câncer. "Muitas pacientes chegam no consultório e falam que sentiram o caroço depois de bater a mama. Mas ele [caroço] já estava lá. O que acontece é que ela [mulher] percebeu a existência depois da batida", afirma o especialista](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/FSQQ76SZGRPNRFYYLW4J6PV5BY.jpg?auth=0202bcfb944e869eeaabc6eec1053e9abcc6795160d90240ff5ee06de3648a3d&width=700&height=371)
O câncer só é desenvolvido por quem já teve caso na família. Mito. O mastologista explica que os cânceres, no geral, se originam por causa de um desgaste do organismo, que acontece por diversos fatores - isso é o que ocorre em 90% dos casos de tumores de mama. "Mais ou menos 10% são hereditários, a pessoa já nasce com o defeito genético que causa câncer e, nesses casos, há bastante histórico na família", observa