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Mulheres lideram desconfiança global nas vacinas, aponta Unicef; Brasil vai na contramão com descrença masculina

Percepção de segurança nos imunizantes foi alterada durante a pandemia; apesar de alta confiança, Brasil teve queda de cerca de 10% de modo geral

Saúde|Giovanna Borielo, do R7

Brasil tem confiança em vacinas infantis em 88,8%
Brasil tem confiança em vacinas infantis em 88,8%

O relatório Situação Mundial da Infância 2023: Para cada criança, vacinação, lançado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) nesta quinta-feira (20), apontou que houve uma queda na confiança na eficácia das vacinas em todo o mundo nos últimos anos. Em contrapartida, três países tiveram um aumento na confiança – China, Índia e México.

De acordo com o órgão, a redução na crença da eficácia da imunização foi maior entre as mulheres e pessoas abaixo dos 35 anos.

Já o Brasil foi na contramão dessa percepção: a descrença nas vacinas foi maior entre homens acima dos 65 anos. O país, que apresentava confiança, de maneira geral, de 99,1% nos imunizantes infantis antes da pandemia tem, agora, uma taxa de 88,8% de confiança.

Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde alega que a desconfiança no vacinação nesse público vem, principalmente, de grupos antivacinação que circulam em comunidades sem regulação em redes sociais, como o Telegram.


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"São conteúdos criminosos e que circulam livremente. Não é algo espontâneo e, em alguns casos, envolve financiamento. Essa faixa etária de descrença está muito relacionada à faixa etária que participou dos atos antidemocráticos de oito de janeiro. A divulgação de fake news sobre vacinas é um crime contra a saúde pública, e é algo que o Ministério da Saúde busca judicializar. Tais ações estão sob investigaçãop no STF [Supremo Tribunal Federal]", classifica Ethel.

Ela continua, afirmando que a pasta pretende aumentar as ações de combate às informações falsas, disseminadas, inclusive, por alguns profissionais de saúde.


Para tal, o Ministério está questionando conselhos regionais e federais de medicina o que está sendo feito internamente para que isso seja combatido.

Outro motivo apontado como desconfiança foi quanto ao desenvolvimento rápido da vacina para Covid-19, em que parte da população questionou a sua eficácia, dada a demora no desenvolvimento de demais imunizantes.


Para combater essa desconfiança, Cristina Albuquerque, chefe de saúde da Unicef no Brasil, afirma que o envolvimento comunitário, com professores, profissionais de assistência social e líderes religiosos, por exemplo, é imprescindível.

Vacinação infantil no Brasil

O estudo da Unicef mostrou que, entre 2019 e 2021, 67 milhões de crianças perderam inteiramente ou parcialmente a imunização de rotina, sendo que 48 milhões ficaram sem nenhuma dose entre 2019 e 2020.

Só o Brasil é responsável por 40% das crianças sem nenhuma dose da DPT (vacina que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche) na América Latina. O país totaliza 1,6 milhão de crianças sem nenhuma dose das vacinas de rotina.

Diante disso, é fundamental ressaltar que a vacinação infantil é de extrema importância. Além da maior sensibilidade imunológica desse público, as vacinas são a única forma de impedir a propagação, por exemplo, de vírus e bactérias.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), os imunizantes "estimulam o próprio sistema imunológico do corpo a proteger a pessoa contra infecções ou doenças posteriores e evita doenças, incapacidades e mortes por enfermidades preveníveis, tais como câncer do colo do útero, difteria, hepatite B, sarampo, caxumba, coqueluche, pneumonia, poliomielite, doenças diarreicas por rotavírus, rubéola e tétano."

A imunização, ao mesmo tempo que é um cuidado com a saúde dos pequenos, é uma medida de proteção coletiva, já que também evita o retorno de doenças erradicadas no Brasil, como a poliomielite (causada pelo poliovírus), que provoca paralisia infantil e pode ser fatal – não há casos no país desde 1989.

Segundo Ethel, além da pandemia, uma das razões que resultou a diminuição da vacinação infantil foi a retirada das condicionalidades para a participação em prograsmas sociais do governo, mas, com a sua retomada, estima que os números voltem a crescer.

Eder Gatti, diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, afirma que a pasta está tomando algumas medidas para garantir o acesso à vacinação infantil, com ações em escolas, busca ativa de não-vacinados, manutenção nos horários de abertura de postos de saúde de forma diferenciada e a priorização da imunização no uso de multidoses frente ao desperdício.

Gatti alega, também, que haverá uma intensificação na vacinação contra pólio nos estados do Amazonas e do Acre. Isso porque, além da baixa cobertura vacinal das localidades, as regiões fazem fronteira com o Peru, onde houve notificações da doença recentemente, e a ação seria uma medida preventiva à reintrodução da doença em solo nacional.

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