'Não vamos mudar um milímetro do nosso foco na vida', diz Mandetta
Ministro da Saúde descartou deixar o cargo após polêmica envolvendo fala do presidente Jair Bolsonaro sobre os efeitos econômicos do isolamento
Saúde|Fernando Mellis, do R7
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, minimizou na tarde desta quarta-feira (25), especulações sobre uma eventual saída dele do cargo e afirmou que vai continuar a "trabalhar com critério técnico, sempre".
"Não vamos mudar um milímetro do nosso foco na vida. Não vamos perder o foco que já construímos. [...] Eu saio daqui na hora que acharem que eu não devo trabalhar, que o presidente achar, ou se eu estiver doente, o que é possível, ou no momento em que eu achar que esse período todo de turbulência tenha passado e eu possa não ser mais útil."
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro pedindo aliviamento das medidas de isolamento adotadas por alguns governadores contra o avanço do coronavírus criou incertezas sobre o destino do ministro no cargo, já que contradiziam, em parte, o que a equipe do Ministério da Saúde vinha orientando.
Mandetta classificou como importante a fala do presidente, ao pedir que os governadores se preocupem com os efeitos econômicos da quarentena, o que chamou de "medidas assimétricas".
Segundo o chefe da pasta, alguns estados saíram de isolamento zero para "decretação de lockdown em paralelo, como se estivéssemos todos em franca epidemia", ao ponderar que a situação é diferente em cada unidade da federação.
O Brasil contabilizava até esta quarta-feira 2.433 casos confirmados de covid-19 e 57 mortes, em cinco estados. A maioria dos óbitos está concentrada em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Para o ministro, "é normal" que haja erros de calibragem dos estados e municípios na adoção de quarentena.
"Se estamos iniciando a curva [epidemiológica], temos que ter calma porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, extremamente duro, e tem hora que a gente vai precisar usar."
O Ministério da Saúde estuda, inclusive, uma possibilidade defendida pelo presidente: o isolamento vertical, que considera apenas a quarentena para determinados grupos de risco, como idosos, doentes crônicos e indivíduos imunossuprimidos.
Amanhã, representantes do Ministério da Saúde vão se reunir com secretários municipais e estaduais de Saúde para discutir sobre a continuidade de medidas de isolamento.