A atriz Claudia Ohana, de 60 anos, revelou, em entrevista à revista Quem, que tem medo de adoecer no futuro, um quadro conhecido como nosofobia. É uma situação diferente, porém, da hipocondria. "Na verdade, não sou hipocondríaca. É medo de ficar doente. Mas eu sempre fui assim, desde pequena. É muito ruim isso", contou. Apesar disso, nenhuma das duas doenças está descrita no guia que é referência para psiquiatras e psicólogos, o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — 5ª edição). A nosofobia é explicada pela Cleveland Clinic, dos EUA, como "um medo persistente e irracional de contrair uma doença crônica, muitas vezes fatal, como câncer ou Aids. A nosofobia difere do transtorno de ansiedade de doença (hipocondria), que faz com que você se preocupe com todos os tipos de doenças". Claudia afirmou que, no passado, chegou a ir ao hospital com uma forte suspeita de que estaria com câncer. "Uma vez estava pingando sangue do meu nariz. Já pensei: estou com um tumor cerebral, vou morrer agora. Em vez de esperar um dia… Pingou sangue, para mim, já era tumor cerebral", disse. O centro de saúde, que é um dos mais prestigiados do mundo, ressaltou que a incidência da nosofobia aumentou com a pandemia de Covid-19. Um dos comportamentos comuns nesse tipo de pessoa é justamente evitar lugares que considera insalubres e que, na cabeça dela, facilitariam contrair aquela doença da qual tem medo. Normalmente, indivíduos com nosofobia podem se sentir mais vulneráveis ou predispostos a desenvolver uma determinada doença. Já a hipocondria se caracteriza pelo medo que a pessoa tem de adoecer, independentemente de qual seja a doença. Mesmo sem evidências médicas que indiquem uma enfermidade, o hipocondríaco procura constantemente sinais de algo anormal no corpo, supervalorizando-os e frequentemente buscando médicos e fazendo exames, embora esses também possam ser comportamentos de alguém com nosofobia. As duas condições podem ter impacto significativo na saúde mental, razão pela qual os quadros de nosofobia e hipocondria são abordados pelo DSM-5 como "transtornos de sintomas somáticos". As principais características desse transtorno envolvem "pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos relacionados aos sintomas somáticos ou associados a preocupações com a saúde" e que sejam manifestados por pelo menos um dos seguintes sinais: • pensamentos desproporcionais e persistentes acerca da gravidade dos próprios sintomas; • nível de ansiedade persistentemente elevado acerca da saúde e dos sintomas; • tempo e energia excessivos dedicados a esses sintomas ou a preocupações a respeito da saúde. O DSM-5 ainda ressalta que esses sintomas podem ou não estar associados a uma condição médica e cita um exemplo: "Um indivíduo pode tornar-se gravemente incapacitado por sintomas do transtorno de sintomas somáticos depois de um infarto do miocárdio sem complicações mesmo se o infarto em si não resultar em nenhuma incapacidade. Se outra condição médica ou o alto risco de desenvolver uma estiver presente (por exemplo, forte histórico familiar), os pensamentos, sentimentos e comportamentos associados a essa condição serão excessivos." Sempre que há algum desconforto ou preocupação em relação à saúde, é fundamental buscar ajuda médica, seja para descartar qualquer doença, seja, no caso de transtorno psiquiátrico, para tratá-la. A nosofobia e a hipocondria são tratadas por especialistas em saúde mental — psicólogo e psiquiatra. Terapias como a cognitivo-comportamental e a de exposição ajudam o indivíduo a entender o que faz e pensa sobre as doenças e a própria saúde, além de ensinarem técnicas de relaxamento, entre outras estratégias.Mania de doença e de remédio? Hipocondria é mais sério que isso