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Por que não é preciso ter medo de tomar a vacina de Oxford

OMS e Anvisa dizem que benefícios são maiores que riscos, após países interromperem uso por possível relação com trombose

Saúde|Carla Canteras, do R7

Agência de saúde indicam continuidade na aplicação da vacina Oxford
Agência de saúde indicam continuidade na aplicação da vacina Oxford

Desde que países europeus anunciaram uma possível relação entre a vacina de Oxford com o surgimento de tromboses, muitas pessoas estão com medo de receber o imunizante contra a covid-19. Especialistas e agências de saúde dizem não existir motivo para a suspensão do uso e muito menos para recusar receber a primeira ou segunda dose da vacina.

Em comunicado na quarta-feira (17), a OMS (Organização Mundial de Saúde) apontou que "os benefícios da vacina de Oxford superam seus riscos" e recomendou que a vacinação continue.

O virologista Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José Rio Preto, é direto ao falar do uso do imunizante. “Ninguém precisa ter medo. É muito mais arriscado um idoso pegar covid grave do que ter trombose e, na fase atual que estamos no Brasil, as chances de um idoso morrer de covid é grande. Então, vá tomar sua dose tranquilamente. Os riscos de qualquer fenômeno, ainda que não sejam atribuídos à vacina, são muito menores que o risco da covid”, explica.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) segue o mesmo caminho da OMS recomendando a continuidade da vacinação. Há seis casos de tromboembolismo notificados no país, mas a relação entre o problema e o uso da vacina não foi comprovado. 


Cerca de 3 milhões de brasileiros receberam a primeira dose da Oxford, segundo informações da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que começa a produzir o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca no Brasil.

Para Monica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), é importante lembrar que os estudos não terminaram. “Em um país que tem excesso de imunizantes, como Pfizer, Moderna, Janssen, você pode interromper por precaução. A situação por aqui é diferente. Precisamos ressaltar que os efeitos colaterais estão em análise e tudo corrobora que os casos não tiveram relação com a vacina”, diz a médica.


O cirurgião vascular Bruno Lima Naves lembra que idosos têm mais chance de terem problemas vasculares. "O idoso tem as veias mais dilatadas, a musculatura da panturrilha é mais fraca e menos eficiente para impulsionar o sangue das pernas de volta ao coração", explica o presidente Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

Nogueira ainda lembra que eventos tromboembólicos tiveram a mesma incidência entre vacinados e não vacinados. "Nos ensaios clínicos foi verificado que aconteceu o mesmo número de casos de tromboses entre as pessoas que foram vacinadas com a Oxford e aquelas que não receberam o imunizante”, diz o virologista.


Mas, o que são os eventos tromboembólicos?

Eventos tromboembólicos são a formação de um coágulo, ou uma bolha, que obstrui a passagem do sangue em um determinado vaso. Habitualmente, começa nas pernas, se desprende e entra na circulação sanguínea. A agravante é quando o trombo vai para coxa e circula até chegar ao pulmão, que pode levar à morte.

Lima Naves explica que mais de um fator causa a trombose. “Pode ser genético, então é importante saber se alguém da família já teve o problema; fatores ocasionados por uma cirurgia, e o mais comum é a pessoa ficar longos períodos parada, principalmente se tiver artrose, for mais idosa, varizes, insuficiência cardíaca, doença pulmonar. Enfim, qualquer coisa que atrapalhe a saúde”, afirma.

Por enquanto, os imunizantes CoronaVac e Oxford são os únicos aplicados no Brasil e a população não pode escolher qual produto vai receber. O que não pode ser um motivo para não se vacinar, segundo os especialistas.

“As pessoas precisam ter medo é de não vacinar! Se alguém estiver cismado, mesmo que sem motivo, tome e se previna. Existem dois jeitos simples de prevenção: se mantenha em movimento, fique 50 minutos parado e dez em movimento e tente ter períodos do dia para deitar e deixar as pernas acima da altura do coração, para o sangue circular. A prevenção é para todos, mesmo para quem não se vacinou”, incentiva Lima Naves.

Entenda o caso

As supeitas sobre a vacina começaram no dia 8 de março, após a morte de uma mulher de 49 anos, na Áustria. A vítima morreu por graves distúrbios de sangramento e tinha tomado o imunizante dias antes. De acordo com a EMA, até 9 de março, foram notificados 22 casos de trombose em mais de três milhões de vacinados com a droga na Europa. 

Mais de 20 países suspenderam o uso da Oxford: Suécia, Letônia, França, Alemanha, Itália, Espanha, Luxemburgo, Chipre, Portugal, Eslovênia, Indonésia, Países Baixos, Irlanda, Bulgária, República Democrática do Congo, Tailândia, Romênia, Islândia, Dinamarca, Noruega e Áustria.

Segundo a Anvisa, o lote de vacinas que poderiam ter problemas não foi enviado para o Brasil. 

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