Risco de rejeição e reabilitação: como será o pós-operatório de Faustão com coração transplantado
Imunossupressores usados para evitar rejeição podem elevar açúcar no sangue e entupir artérias; cuidados devem ser aumentados para evitar danos ao novo órgão
Saúde|Giovanna Borielo, do R7
Com a realização do transplante de coração, o apresentador Fausto Silva, 73 anos, mais conhecido como Faustão, deverá passar, agora, por um longo processo de recuperação, de modo a evitar a rejeição do órgão recebido.
De acordo com o cardiologista Marcelo Ferraz, da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a recuperação será em duas etapas: a hospitalar, em que o paciente permanece sob cuidados médicos na UTI (unidade de terapia intensiva) durante um período de cinco a sete dias e, em seguida, é encaminhado para o quarto ou enfermaria, onde pode ficar por até 30 dias.
A outra etapa ocorre fora do hospital, quando o transplantado já pode ir para casa, sob uma recuperação cardiovascular, retomando as atividades diárias e profissionais e os contatos familiares.
O cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, explica que, já no primeiro dia após o transplante, o paciente passa a receber os imunossupressores, remédios para evitar a rejeição do órgão, administrados por meio de comprimidos.
Durante o período hospitalar, são feitos exames de sangue, biológicos, raio-X de tórax, eletrocardiogramas e ecocardiogramas diários, para que sejam atestados a efetividade da cirurgia e o bom funcionamento do coração, assim como a sua rejeição.
"Um paciente que foi submetido a um transplante deve ficar sob observação o resto da sua vida. É necessário fazer exames periódicos, consultas periódicas, tomar os medicamentos e seguir as orientações da equipe transplantadora", informa Ferraz.
Silveira afirma que, quando os pacientes passam a apresentar sinais de rejeição do órgão, as doses dos imunossupressores são aumentadas. Com base em exames diários, os médicos conseguem precisar se a dosagem está correta para que o órgão pare de ser reconhecido como um corpo estranho pelo organismo.
"Em caso de rejeição, o paciente não precisa ser submetido a um novo transplante. Isso só ocorre se o paciente desenvolver outra insuficiência cardíaca ou uma miocardite, o que é muito raro. A rejeição é controlada por meio dos medicamentos", completa.
Após a liberação hospitalar, o paciente deve fazer um acompanhamento mais próximo com o médico, com consultas regulares de dois a seis meses cada uma.
A rotina pode ser retomada normalmente, com a prática de exercícios físicos. Apenas esportes competitivos ou violentos devem ser evitados.
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Silveira ainda avisa que as pessoas que passam por esses transplantes devem ter um cuidado maior em relação aos níveis de diabetes, colesterol, triglicerídeos, obesidade e pressão arterial. "Os imunossupressores fazem com que haja uma elevação do açúcar no sangue, aumentando as chances de desenvolvimento de diabetes, e podem entupir as artérias que se ligam ao coração. Os cuidados que ele [o paciente] terá com esse novo coração são os mesmos que já eram necessários."
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