'Tive que reconhecer os limites da vida', diz Uip após coronavírus
Infectologista, David Uip retornou às atividades nesta segunda-feira (6) após ser acometido pela covid-19. "Tive que me reinventar, mais humilde"
Saúde|Fabíola Perez, do R7
O médico infectologista, David Uip, acometido pela covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, retornou às atividades no Comitê de Combate ao Coronavírus do Estado de São Paulo nesta segunda-feira (6) e relatou como foi a experiência de isolamento e contágio. "Tive que me reinventar, mais humilde e reconhecendo os limites da vida” afirmou David Uip. O médico estava afastado desde 23 de março, quando testou positivo para a doença.
Em coletiva de imprensa, realizada no Palácio dos Bandeirantes, na manhã desta segunda-feira, David Uip detalhou os sintomas durante o perído em que se afastou das atividades. "Quero que vocês entendam muito bem como funciona essa doença. Há dois domingos, eu me senti muito mal, não consegui falar", afirmou. "Estava extenuado."
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"A semana que seguiu, fiz exames. Na tomografia, apareceu uma pneumonia. Se ver como médico infectologista e saber que, muito provavelmente, entre o sétimo e o décimo dia, iria piorar é muito angustiante. Você dormir e não saber como acordar. Mas venci a quarentena. Não é fácil ficar isolado, mas é absolutamento fundamental. Tive que me reinventar e criar um David novo, seguramente mais humilde."
Uip disse ainda que "quem vai sair vivo são pessoas que forem atendidas em equipes preparadas, bem instaladas e estruturadas". Com o achatamento da curva de contágio, os médicos esperam que pessoas infectadas sejam recuperadas e deixem o isolamento.
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David Uip disse que além que auxiliar o comitê de gerenciamento de crise do novo coronavírus também irá voltar a atender pacientes, uma vez que, em tese já se contaminou. "Não é brincadeira, aqueles que estão subestimando desejo ardentemente que não adoeçam. É um sofrimento muito grande", afirmou.
Ampliação da quarentena
O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta segunda-feira (6) que manterá, pelo menos, até o dia 22 de abril as restrições impostas ao comércio e aos serviços não essenciais em todo o estado, como forma de evitar a rápida disseminação do coronavírus.
"Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie, em nenhuma cidade ou área do estado de São Paulo será admitida", afirmou o governador, ao ressaltar que a Polícia Militar poderá ser usada para que se cumpra a ordem.
Iniciadas em 24 de março, as medidas teriam efeito até amanhã no estado. O prefeito da capital havia determinado o fechamento de serviços e comércios não essenciais a partir de 20 de março.
Um relatório do Ministério da Saúde alerta para o risco de São Paulo estar entrando na fase de aceleração descontrolada da epidemia, tendo em vista que é o segundo estado do país com o maior coeficiente de incidência: 9,7 infectados por 100 mil habitantes. O estado também é o que registra o maior número de casos confirmados de covid-19 (4.620) e de mortos (275).